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Nova regra da China impõe limite à carne brasileira e exige ajustes na pecuária

País seguirá como principal fornecedor, mas volumes acima da cota terão tarifa de até 67% a partir de 2026

Medida afeta exportações setor - Foto: Reprodução/Governo de MS
Medida afeta exportações setor - Foto: Reprodução/Governo de MS

A China vai adotar, a partir de 1º de janeiro de 2026, medidas de salvaguarda sobre as importações de carne bovina, alterando de forma relevante o acesso de países fornecedores ao seu mercado.

A decisão estabelece quotas por país e aplicação de tarifas mais elevadas sobre os volumes que excederem esses limites, o que deve provocar ajustes na produção e nas exportações brasileiras.

Pelas regras anunciadas, haverá uma cota anual específica para cada país ao longo de três anos. No caso do Brasil, o limite inicial será de 1,106 milhão de toneladas, com tarifa de 12% para os embarques dentro da cota.

As exportações que ultrapassarem esse teto estarão sujeitas a uma sobretaxa de 55%, elevando a carga total para 67% fora da cota.

Em 2025, as exportações brasileiras de carne bovina para a China somaram cerca de 1,7 milhão de toneladas, o equivalente a 48,3% de todo o volume exportado pelo país, o que indica que parte significativa dos embarques ficaria sujeita à tributação mais elevada caso o padrão atual seja mantido.

Medida busca proteger o mercado interno chinês

O governo chinês informou que a decisão faz parte de uma política para proteger a pecuária doméstica, que enfrenta dificuldades após um período de excesso de oferta. A avaliação é de que o crescimento das importações pressionou produtores locais, exigindo medidas para reequilibrar o setor.

A cota total definida para os países afetados em 2026 será de 2,7 milhões de toneladas, com ampliação gradual ao longo do período de vigência da salvaguarda, que será aplicada por três anos.

Setor brasileiro prevê necessidade de reorganização

No Brasil, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) avaliam que a salvaguarda chinesa “altera as condições de acesso ao mercado e impõe uma reorganização dos fluxos de produção e de exportação”.

As entidades destacam que os embarques destinados à China envolvem produtos com maior valor agregado e perfil distinto do consumo doméstico, com impacto direto sobre geração de emprego e renda ao longo da cadeia pecuária.

Apesar das novas restrições, ABIEC e CNA ressaltam que a China permanece como o principal destino da carne bovina brasileira e um mercado estratégico para o funcionamento do setor.

“As exportações brasileiras são fruto de uma relação comercial construída ao longo de anos, baseada em fornecimento regular, previsibilidade e cumprimento rigoroso dos requisitos sanitários e técnicos”, afirmam as entidades.

Peso da pecuária na economia brasileira

A cadeia da pecuária bovina tem papel central na economia nacional, com presença em milhares de municípios e sustentação de cerca de 7 milhões de empregos diretos e indiretos.

Do total produzido no país, aproximadamente 70% da carne bovina é consumida internamente, enquanto 30% é destinada à exportação, evidenciando o caráter complementar das vendas externas para o equilíbrio do setor.