Uma quadrilha investigada em Mato Grosso do Sul conseguiu fazer portabilidade salarial de jogadores como Gabigol e desviar mais de R$ 1 milhão, segundo a Polícia Civil. Conhecido como “Tropa de Cuiabá”, o grupo é suspeito de ligação com o PCC e de atuar com fraudes bancárias, extorsão e engenharia social em vários estados.
A investigação começou após uma fraude de cerca de R$ 250 mil contra uma instituição financeira em Campo Grande. A partir desse caso, a Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras) identificou a rede criminosa.
“Nós iniciamos a investigação após um golpe que causou prejuízo de aproximadamente R$ 250 mil em Campo Grande e, a partir desse crime, conseguimos chegar à Tropa de Cuiabá”, explicou o delegado adjunto Pedro Henrique Pillar Cunha.
Atuação interestadual
Na última sexta-feira (26), a Operação Euterpe cumpriu oito mandados de prisão temporária e 15 de busca e apreensão em Cuiabá e Várzea Grande (MT). Foram apreendidos celulares e documentos que, segundo a polícia, podem revelar outras vítimas no estado.
“Nós iniciaremos agora uma análise pormenorizada dos dados obtidos para vincular esses indivíduos a eventuais crimes praticados aqui em Mato Grosso do Sul”, disse Cunha.
De acordo com o delegado, os criminosos se valiam de engenharia social para obter dados de diretores e funcionários bancários, dando credibilidade aos contatos com as vítimas.
O esquema incluía falsos boletos, transferências fraudulentas e portabilidade de salários para contas controladas pela quadrilha. “Eles migravam a conta-salário para bancos sob domínio do grupo e esvaziavam os recursos com muita rapidez”, explicou o delegado.
Ostentação no funk
Um dos investigados é MC e compositor de funk, que nas músicas exaltava a “Tropa de Cuiabá” e fazia referência ao artigo 171 do Código Penal. O nome da operação — Euterpe, deusa da música na mitologia grega — remete a esse detalhe.
“Nós identificamos que um dos alvos fazia músicas ostentando os crimes e mencionando a facção. Isso mostra como o grupo buscava notoriedade”, disse Cunha.
Fraudes contra jogadores
As investigações indicam que a quadrilha vitimou jogadores de futebol conhecidos, incluindo Gabigol (Cruzeiro) e Walter Kannemann (Grêmio). O prejuízo com esse braço do esquema pode ter chegado a R$ 1 milhão. “Nós já conseguimos identificar vítimas de grande notoriedade nacional, jogadores de futebol e empresários, com valores bastante significativos”, afirmou o delegado.
Próximos passos em MS
A polícia não descarta a participação de pessoas com conhecimento técnico bancário e investiga se funcionários foram cooptados. “Nosso trabalho agora é identificar todos os envolvidos, o fluxo financeiro e responsabilizar cada um”, destacou Cunha.
Os presos responderão por fraude eletrônica, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O material apreendido será periciado para rastrear ramificações do grupo e confirmar conexões com facções criminosas nacionais.