
A revista britânica The Economist publicou um editorial defendendo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não concorra a um novo mandato em 2026. A análise reconhece o peso político de Lula e a resiliência institucional do Brasil após um período de instabilidade, mas avalia que uma nova candidatura pode representar riscos e limitar a renovação democrática no país.
Segundo o editorial, o Brasil viveu um 2025 turbulento, marcado pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e por tensões diplomáticas com os Estados Unidos.
Idade e saúde entram no centro da crítica
Um dos principais pontos levantados pela The Economist é a idade do presidente. Lula completou 80 anos e, caso cumpra um novo mandato, deixaria o cargo aos 85. A revista compara o cenário ao do presidente norte-americano Joe Biden e afirma que lideranças muito idosas carregam riscos elevados.
O texto observa que Lula aparenta estar em melhores condições do que Biden no mesmo momento do ciclo eleitoral, mas lembra episódios recentes de saúde, incluindo uma cirurgia cerebral realizada no fim de 2024 após um acidente doméstico.
Corrupção e economia também são alvo de avaliação
O editorial também retoma os escândalos de corrupção associados aos primeiros mandatos de Lula, apontando que parte do eleitorado ainda não superou esse histórico. Em um dos trechos mais duros, a revista afirma que o presidente “também é pressionado pelos escândalos de corrupção que marcaram seus dois primeiros mandatos, pelos quais muitos brasileiros não conseguem perdoá-lo”.
Na avaliação econômica, a publicação reconhece o crescimento acima do esperado nos últimos anos, mas faz críticas à condução das políticas. Segundo o editorial, “embora a economia brasileira tenha crescido de forma surpreendentemente rápida nos últimos anos, as políticas econômicas de Lula são medíocres”, com forte foco em programas de transferência de renda e medidas fiscais vistas como pouco favoráveis ao ambiente de negócios, apesar de avanços pontuais, como a simplificação do sistema tributário.
Falta de sucessão e cenário político travado
Outro ponto destacado é a ausência de um sucessor claro no campo da centro-esquerda. A The Economist avalia que Lula não preparou novas lideranças e que possíveis nomes, como o do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não conseguiram se consolidar politicamente.
No campo da direita, a revista aponta uma disputa ainda aberta após a condenação de Jair Bolsonaro. O editorial cita o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como um nome mais competitivo do que o senador Flávio Bolsonaro (PL), embora ainda não haja definição sobre candidatura.
Defesa de renovação democrática
Para a The Economist, Lula poderia fortalecer seu legado ao cumprir a promessa feita em 2022 de não disputar um quarto mandato, abrindo espaço para uma nova liderança e uma disputa eleitoral mais ampla em 2026. A revista defende que o país precisa superar a polarização entre lulismo e bolsonarismo.
O editorial conclui que, apesar da força institucional demonstrada recentemente, o futuro da democracia brasileira dependerá da capacidade das forças políticas de oferecer alternativas renovadas e viáveis ao eleitorado.
O que é The Economist
Fundada em 1843, The Economist é uma revista semanal britânica especializada em economia, política e relações internacionais. O periódico é considerado um dos mais lidos e influentes do mundo, com forte impacto no debate público global e leitura frequente entre líderes políticos, empresários, acadêmicos e formuladores de políticas públicas.