
O governo de Mato Grosso do Sul tenta novamente conceder à iniciativa privada os 870,3 quilômetros da chamada Rota da Celulose, importante corredor logístico para a indústria sul-mato-grossense. O leilão será realizado nesta quinta-feira (8), às 14h (horário de Brasília), na sede da B3, em São Paulo, com a expectativa de participação de quatro grupos: BTG Pactual, KInfra, XP e Way Kinea.
O projeto de concessão rodoviária prevê investimentos de R$ 10,1 bilhões ao longo de 30 anos de contrato — dos quais R$ 6,9 bilhões estão reservados para obras em Capex (Capital expenditure, ou ‘despesas de capitais’ na tradução do Inglês) e R$ 3,2 bilhões para despesas operacionais.
A concessão engloba trechos das rodovias estaduais MS-040, MS-338 e MS-395, além das federais BR-262 e BR-267. A empresa vencedora será aquela que oferecer o maior desconto sobre a tarifa de pedágio.
Além do governador Eduardo Riedel (PSDB), devem acompanhar os lances na B3 os secretários de Estado Rodrigo Peres (Governo e Gestão Estratégica), Guilherme Alcântara (Infraestrutura e Logística) e Eliane Detoni (Escritório de Parcerias Estratégicas). Pelo governo federal estão previstas as presenças de Renan Filho, ministro dos Transportes e de Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento.
Concorrência aquecida
As propostas foram protocoladas na segunda-feira (6). A Way Kinea surge como forte concorrente, dado que a Way Brasil já atua em Mato Grosso do Sul na gestão da MS-306 e, recentemente, venceu – em parceria com a gestora Kinea -, a disputa pela Rota do Zebu, em Minas Gerais, desbancando o próprio BTG.
O BTG Pactual, por sua vez, tenta vencer seu primeiro leilão rodoviário. Em 2023, o banco disputou os projetos da Rota dos Cristais (BR-040) e da Rota Verde (BRs-060/452/GO), mas foi superado. A XP também esteve na disputa da Rota Verde, vencida pelo consórcio Aviva-Tecpav.
A KInfra, outro nome do páreo, já administra a Rodovia do Aço (BR-393) entre Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Projeto readequado
Após o fracasso no primeiro leilão, em dezembro do ano passado, o governo reformulou o edital. Entre as mudanças, está a flexibilização do cronograma de obras, permitindo investimentos menores nos quatro primeiros anos de concessão. A projeção de receita ao longo dos 20 primeiros anos também foi revista.
A futura concessionária terá a missão de duplicar 115 km de rodovias, construir 245 km de terceiras faixas e 457 km de acostamentos. Também estão previstos 12 km de vias marginais, 38 km de contornos urbanos, 25 acessos, 22 passagens de fauna e 20 alargamentos de pontes. Pontes e passarelas, num total de 3.780 m² também estão na proposta.
As intervenções previstas incluem trechos estratégicos que atendem, especialmente, os municípios de Campo Grande, Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo e Água Clara.
O projeto de melhorias e modernização na Rota da Celulose é apontado como essencial para fortalecer a infraestrutura logística e impulsionar a cadeia da celulose. O setor movimenta bilhões de dólares na economia do estado, que atualmente é o segundo maior produtor de madeira em tora para papel e celulose e responsável por 24% da produção nacional de celulose, conforme dados oficiais.
Esta é a 6ª vez que o Estado vai à B3 com projetos de Parceria Público-Privada (PPP).