Com um investimento robusto de R$ 105 milhões, a Usina Laguna inaugurou uma planta industrial para produção de açúcar em Batayporã, município localizado no sudeste de Mato Grosso do Sul. Até então, a usina focava na produção de etanol e bioeletricidade.
A nova unidade, que fica a 310 quilômetros de Campo Grande, é voltada para o açúcar do tipo VHP (Very High Polarization) – o açúcar bruto, ainda com a camada de mel que cobre o cristal do açúcar. O VHP é o principal tipo exportado pois é usado como matéria-prima para outros tipos de açúcar e processos de industrialização.
A estrutura moderna da planta tem capacidade para processar 120 mil toneladas de açúcar por ano e conta com um armazém com capacidade para 54 mil toneladas.
Segundo o diretor comercial da usina, Romildo Cunha, o investimento marca uma nova etapa na verticalização da produção da empresa, que fortalece sua atuação no mercado externo com foco em sustentabilidade.
“Essa expansão não apenas consolida nossa operação, mas reforça nossa parceria com a região, gerando empregos e impulsionando a economia local”, destaca Cunha.
A nova etapa de crescimento também contemplou a cogeração de energia elétrica a partir do bagaço de cana, com investimento adicional de R$ 50 milhões. A usina passou a operar com uma linha de transmissão de 138 kV e capacidade de geração de 75 mil MWh/ano, dos quais 50 mil são comercializados via Sistema Interligado Nacional (SIN), contribuindo com energia limpa e renovável.
Com isso, a empresa também altera seu mix de produção para a safra atual, priorizando o açúcar (55%) em relação ao etanol (45%). A estimativa é processar 1,65 milhão de toneladas de cana, produzir 120 mil toneladas de açúcar, 65 milhões de litros de etanol e 40 mil MWh de energia.
Setor sucroenergético em MS
O avanço da Usina Laguna ocorre em um momento de expansão do setor sucroenergético no estado.
Atualmente, 22 usinas de Bioenergia estão em operação, dessas 19 processam a partir da cana e três a partir do milho.
Em 2024, MS bateu recorde com a produção de 4,2 bilhões de litros de etanol, consolidando-se como o quarto maior produtor do país, conforme dados da Associação de Produtores de Bioenergia de MS (Biosul).
Esse volume corresponde a um crescimento de 10% em relação ao ciclo anterior, impulsionado pela produção de etanol de milho, que já representa 37% do total estadual.
Além do crescimento industrial, MS se destaca na transição energética nacional. Segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas, é o estado brasileiro que mais reduziu emissões de gases de efeito estufa com o uso do etanol, contribuindo significativamente para as metas de descarbonização do RenovaBio – um dos maiores programas de descarbonização do mundo.
Entre 2020 e 2024 a produção de etanol no estado evitou a emissão de 13,7 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, equivalente a 89 milhões de árvores plantadas.
Atualmente, o setor representa 17% do PIB industrial sul-mato-grossense, gerando cerca de 30 mil empregos diretos com salários acima da média estadual.