Logo após a palestra de Rami Goldratt, uma das atrações mais aguardadas do Amcham CEO Forum, promovido pelo Grupo RCN em parceria com a Amcham Brasil dentro do programa RCN em Ação, o consultor internacional participou de um bate-papo no palco com o CEO da 8020 Marketing, Kenneth Corrêa.
A conversa aprofundou conceitos da Teoria das Restrições e trouxe provocações práticas para os mais de 200 executivos presentes no evento, realizado em Campo Grande.
“Vocês podem ignorar suas restrições, mas elas não vão ignorar vocês”, alertou Goldratt ao público.
A metáfora de Herbie e o valor de caminhar junto
Kenneth iniciou a conversa relembrando uma passagem do livro A Meta, de Eliyahu Goldratt, que conta a história de um grupo de escoteiros em trilha, onde o garoto mais lento — Herbie — passa a ditar o ritmo da equipe.
A estratégia de redistribuir o peso e apoiar Herbie fez com que todos conseguissem avançar juntos.
“A grande lição ali é que o objetivo não é que o mais rápido chegue primeiro, mas que o grupo chegue como um todo”, reforçou Rami.
Portfólio: ampliar, reduzir ou focar?
Ao abordar decisões sobre portfólio, Kenneth provocou: vale a pena aumentar a variedade de produtos ou é melhor simplificar? Segundo Rami, essa resposta exige clareza estratégica, pois cada negócio precisa identificar o que chama de seu “drum” — o compasso central da operação.
“Se sua força está na novidade, como na fast fashion, o foco deve ser em renovar 30% do portfólio a cada seis meses. Se for na disponibilidade, tudo precisa girar para garantir que o produto esteja sempre à mão”, explicou.
Dados ajudam, mas políticas travam
Kenneth também questionou como as empresas podem usar tecnologia e dados para melhorar decisões. Rami foi direto: o maior obstáculo não é a falta de tecnologia, mas as políticas internas ultrapassadas.
“A maioria das empresas já tem dados e sistemas suficientes. O que trava são políticas que impedem reações rápidas, exigem lotes grandes e alongam prazos desnecessariamente”, disse.
Ele alertou ainda que grandes projetos de TI podem ser longos e caros, e recomendou começar pequeno, identificando quais dados são realmente essenciais para tomar decisões mais rápidas e acertadas.
O foco como obsessão necessária
O bate-papo foi encerrado com uma provocação de Kenneth ao público:
“Depois de tudo que ouvimos aqui, eu pergunto: vocês estão realmente obcecados por foco como deveriam?”
A resposta de Rami reforçou o ponto central da sua teoria:
“Saber onde está sua restrição é o passo mais importante. É ali que tudo precisa convergir.”