Antes símbolo do progresso, a ferrovia hoje atrasa o ritmo da populaçãode Três Lagoas. A cidade convive com três situações que estão incomodando os moradores nos dois lados da linha férrea. Os trilhos cortam a cidade, que cresceu em torno deles e agora atrapalham as pessoas na travessia das passagens de nível.
Três Lagoas
Marco do início do progresso, ferrovia atrasa ritmo da cidade
Alerta sonoro, falta de cancelas em passagens de nível e manobras de trens geram transtornos
Se os trilhos atrapalham, as composições de locomotivas e vagões que deslizam sobre a ferrovia também causam transtornos. Nos dois casos, as situações quem incomodam são os riscos de acidentes nas passagens de nível por falta de cancelas, a poluição sonora provocada pelo apito em área hospitalar e as manobras inconvenientes.
As opiniões divergem sobre a solução ideal e há setores que até defendem a permanência da ferrovia e sua revitalização, além de restauração da estação, construída em 1910.
A solução oficial, no entanto, já foi selada – o contorno ferroviário, obra do Governo Federal, que está parada e já consumiu aproximadamente de R$ 42 milhões. Além da paralisação por falta de trilhos, Tomada de Contas Especial determinou a suspensão do contrato da obra em razão de indícios de irregularidades.
TRANSPORTE URBANO
No início de julho, em discussão pela internet, o promotor de Justiça Antonio Carlos Garcia de Oliveira, defendeu a revitalização da estação utilização do trecho da ferrovia que corta a área urbana em linha de transporte de passageiros, por meio de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).
Para avançar nessa proposta, de acordo com a Prefeitura, seria necessário um estudo de viabilidade, o que inicialmente é descartado, com base nas estatísticas de utilização do transporte urbano de passageiros. Não haveria demanda. A ativação de transporte de passageiros ligaria Jupiá e Vila Piloto às Vilas Haro e Verde ou seguiria até o distrito de Arapuá. Não haveria passageiros para distribuir no trecho intermediário.
O Governo do Estado projeta a revitalização, mas sem os trilhos. A ideia é implantar obras de paisagismo, praças de alimentação, equipamentos de lazer e descanso, área para atrações culturais, bibliotecas e iluminação especial. Pelo projeto anunciado pelo governo, seria construído um calçadão com todas essas benfeitorias, inclusive piso tátil e lojas de artigos regionais, playgrounds e pórticos, obras semelhantes às executadas em Campo Grande.
“A cidade cresce a cada dia e não há mais onde estacionar. Deve-se pensar o transporte público de qualidade. É sabido que as pessoas só andam de carro porque não há transporte de boa qualidade, isso ocorre em todos os lugares do mundo, então, não podemos perder o bonde de história. Basta revitalizar o trilho, fazer belas estações e teremos transporte barato, bonito, rápido por um bom tempo”, defende o promotor de Justiça em opinião postada na internet no dia 3 de julho.
Mesmo que hipoteticamente, entre os segmentos que defendem a permanência dos trilhos e sua utilização para trens de passageiros, o Deptran recebeu proposta até de construção de passarelas nas passagens de níveis. Na passagem que divide as avenidas Cloadoaldo Garcia e Filinto Muller, a proposta reacendeu a ideia do viaduto.Não há nenhum projeto ou dotação em orçamento prevendo obras que envolvem a ferrovia, em razão do contorno ferroviário.
“Temos um trilho pronto e acabado, bastando a construção de pequenas estações e o VLT, que é um trem curto, bonito, atravessaria a cidade de Norte a Sul, é caso do Município verificar se é possível sua instalação. Bastam os estudos”, sugere o promotor Antonio Carlos.