A gente vai recebendo notícias de morte de amigos e fica indignado porque o nosso maior objeto de desejo que é a motocicleta dos sonhos está nos matando. Chegou a triste notícia da morte do nosso amigo Sartori de Birigui, um sujeito pacato, brincalhão, usava um chapéu de mago nos encontros, trazia sua família, acampava, fazia churrasco com os Malditos Motoclube. Não sei das circunstâncias de sua morte, mas é triste receber notícias destas. Estava eu no pedágio do motoshow na avenida Antonio Trajano e informaram que o Vinicius, filho do nosso amigo Welton tinha se acidentado e falecido. Fui até o local e fiquei chocado com todo o cenário de morte de um jovem que estava começando sua vida. Também há dias, o Marinho filho do nosso amigo Zé Lopes de Andrandina, por uma fatalidade do destino, perdeu a vida curtindo suas trilhas de domingo. Há uns 05 anos, estava eu em casa jogando água nas plantas da calçada, tocou o celular com uma ligação de Bauru, informando que meu grande amigo Vado, companheiro de tantas viagens de moto até o moto GP no Rio de Janeiro, Goiânia, Jaraguá do Sul, e tantas outras, dizia um amigo que o Vado tinha falecido a bordo de seu objeto de desejo – uma moto 1300. Aqui onde moramos, quantos acidentes de moto observamos e vemos pais de família, filhos ainda jovens, vítimas inocentes, falecendo por conta de acidentes com motocicletas. Tudo isso prá mim é assustador porque as mortes estão associadas ao veiculo mais prazeroso de pilotar que é a motocicleta. Quem não sonhou um dia em ter uma motocicleta e sair pela estrada. Chegar numa praia de moto. Fazer curvas naquela serra. Toda a juventude sonha em ter uma motocicleta. Eu era assim. Mas, porque morrer com ela, naquele objeto de desejo? Não sei explicar isso, mas tenha certeza que estamos cada vez mais assustados com a morte principalmente dos amigos. Uma coisa é certa. O acidente de moto não perdoa seu piloto, esta a grande razão dos meus sustos. Alguns já escaparam porque não estavam no Livro. Não somos supermens quando estamos em motocicletas que chegam aos 300 km/h. Nossas rodovias e nossos pilotos não estão preparados para tanta velocidade. Já falei com os amigos de moto que lugar de acelerar e mostrar quem sabe mais é na pista, e não nesses “lixos” que chamamos de rodovia. Porque morrer no objeto mais desejado por nós. Depois de 34 anos andando de moto não consigo explicar isso, mas elevo meus braços aos céus e a todos os motociclistas que a vida é frágil, o corpo é fraco, o pára-choque é minha cara, que minhas mãos não conseguem deter carros e placas. Estou fazendo um exame de consciência para um dia quem sabe, conseguir responder a intrigante pergunta – porque temos que morrer no objeto de desejo que é a moto. Antônio Carlos Garcia de Oliveira é Promotor de Justiça e Motociclista
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