Veículos de Comunicação

Associação Antialcoólica

AAA de Paranaíba chega aos 34 anos

Entidade sem fins lucrativos recebe verba municipal, mas sobrevive de doações e promoções realizadas

Reuniões para testemunhos de ex-dependentes do alcoolismo são realizadas às terças-feiras, na avenida Ernesto Garcia Leal, número 181 - Roberto Chamorro/JP
Reuniões para testemunhos de ex-dependentes do alcoolismo são realizadas às terças-feiras, na avenida Ernesto Garcia Leal, número 181 - Roberto Chamorro/JP

“Que Deus abençoe sua sobriedade”. Com estas palavras a presidente da Associação Antialcoólica de Paranaíba, Odélia Barbosa, encerra a saudação a cada depoimento, nas noites de terça-feira e aos sábados, em reuniões da entidade, nos últimos três anos. 

Fundada em 1982, a entidade filantrópica e sem fins lucrativos, dedica-se a ajudar pessoas que buscam parar de beber. As reuniões são marcadas por depoimentos de homens e mulheres, de todas as camadas sociais que, em comum, lutam contra o alcoolismo. Recebendo uma ajuda anual de R$ 20 mil da Prefeitura Municipal, a entidade sobrevive graças a promoções e doações de voluntários.

De acordo com dona Odélia, que frequenta a entidade há 20 anos,  o único requisito para ser membro do AAA é o desejo de recuperação pessoal. Ela diz que o alcoolismo é uma doença progressiva, que não tem cura, mas tem tratamento, por meio de um programa de total abstinência de álcool.  Segundo ela, a sobriedade é mantida através do compartilhamento de experiências e também dos Doze Passos sugeridos para a recuperação. “A associação é formada por um grupo de homens e mulheres ‘de pé’, estendendo as mãos aos que se encontram caídos, porque caídos já foram”, repete. 

O vice-presidente, Jaime de Souza Germano, disse que começou muito pequeno na bebida. “Achava que era senhor das coisas”, contou após confessar ter abandonado a bebida aos 42 anos. Conta que perdeu o emprego de bancário por conta do alcoolismo. Ele frequenta o AAA há 16 anos e admite que há muito preconceito. “Muitos acham que aqui é uma casa de bêbados”. O dirigente reclama do descaso do Poder Público, pela falta de apoio oficial.

José Queiroz da Silva foi presidente e frequenta a associação há 23 anos. Seu depoimento é marcado pela serenidade de quem já fumou cinco maços de cigarros e bebeu dez garrafas de cerveja e copos de pinga por dia. Ele conta que a maioria de seus amigos de “farra” já morreu. “A bebida é a droga que mais afeta as famílias”, afirmou José Queiroz.