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Brasil vai comprar 36 caças e 50 helicópteros da França

O acordo militar entre França e Brasil foi firmado em Brasília, no Dia da Independência

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O governo do presidente Lula anunciou ontem, aproveitando a visita ao Brasil do presidente da França, Nicolas Sarkozy, que decidiu negociar com a Dassault a compra de 36 caças Rafale (R$ 10,6 bilhões). Ao final de uma permanência de menos de 24 horas no País e de participar do desfile do 7 de Setembro como convidado especial, Sarkozy embarcou de volta à França com contratos para fornecimento de equipamentos militares ao Brasil no valor global de 12,5 bilhões de Euros, o equivalente a R$ 33,1 bilhões. Além dos caças, esses invetimento será utilizado para compra de 50 helicópteros de transporte militar (cerca de R$ 4,7 bilhões) e cinco submarinos, sendo um com propulsação nuclear (17,7 bilhões).

O governo Lula revelou que a decisão de abrir a negociação com a Dassault, fabricante francesa do Rafale, o que surpreendeu a concorrência, deveu-se em grande parte ao compromisso assumido por Sarkozy de comprar "uma dezena de unidades da futura aeronave de transporte militar KC-390". É um avião em projeto, na Embraer.

A França tem o A400, da Airbus, na mesma faixa e carente de encomendas. Fechar o compromisso de comprar o cargueiro brasileiro, cotado para custar na faixa de US$ 80 milhões e que terá o primeiro protótipo por volta de 2015, demonstra que Sarkozy quis ceder para arrancar do Brasil o anúncio da negociação com a Dassault.

No comunicado conjunto, o Brasil disse que optou pelo Rafale "levando em conta a amplitude das transferências de tecnologia propostas e das garantias oferecidas". Os dois presidentes deixaram claro que França e Brasil serão, a partir de agora, "parceiros estratégicos no domínio aeronáutico".

Com a decisão anunciada ontem, na prática o governo encerrou a licitação do projeto FX-2, iniciada em maio de 2008. Além da Dassault, com o caça Rafale, concorriam na lista tríplice final o F-18 Super Hornet, da Boeing (EUA), e o Grinpem, do grupo sueco Saab.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na segunda-feira, durante coletiva de imprensa, ao lado do presidente francês, Nicolas Sarkozy, que a parceria entre os dois países na área de defesa tem como um de seus objetivos proteger as riquezas brasileiras, como o pré-sal. “Sabemos a quantidade de petróleo que temos e desenvolvermos a área de defesa é cuidar do nosso território”, disse Lula.

Sarkozy, por sua vez, afirmou que um país economicamente forte como o Brasil tem que ter condições de se defender. “Um país forte é um país que pode se defender”, afirmou. Sarkozy disse ainda que o Brasil é um parceiro prioritário para a França e que a França é um “parceiro confiável”.

Lula afirmou que a parceria é fundamental na estratégia de defesa brasileira.“Vamos produzir conjuntamente equipamentos que reforçarão a capacidade tecnológica do Brasil de proteger e valorizar suas riquezas naturais. Esse é um componente fundamental da estratégia de defesa, que o meu governo aprovou”, disse Lula.
De acordo com o presidente Lula, o Brasil aposta em um projeto de defesa voltado para a construção da paz no continente, da confiança, da integração e da construção do desenvolvimento da região.

Sobre a compra dos caças franceses Rafale, Lula disse que o mais importante é a transferência da tecnologia. “Para nós, o avião é muito importante, mas o mais importante é termos acesso à tecnologia de forma a produzirmos esse avião no Brasil. E é isso que estamos negociando agora com o ministro da Defesa [Nelson Jobim] e com o comandante da Aeronáutica [Juniti Saito]”, explicou Lula.