É proibido, mas muita gente aposta nos “bolões” feitos pelas casas lotéricas. A esperança de chegar mais facilmente ao valor sorteado faz com que muitos jogadores se arrisquem, mesmo sem receber um comprovante que garanta o prêmio, caso o bilhete seja premiado. Em Curitiba, não é difícil encontrar lotéricas que fazem aposta coletivas. Proprietários de lotéricas calculam que cerca de 10% das apostas são feitas por meio de bolões. Para acabar com a informalidade, a Caixa Econômica Federal estuda regularizar a “fezinha” coletiva.
A discussão sobre a legalidade do bolão começou em fevereiro deste ano, quando 40 pessoas ganharam uma aposta em Novo Hamburgo (RS) mas ficaram sem o prêmio porque a casa lotérica não havia registrado o jogo (veja ao lado). Os bolões foram proibidos, mas a própria Caixa admite que a fiscalização é difícil. “Hoje as lotéricas que fazem o bolão são punidas e podem ser descredenciadas. Mas, em um universo de 10 mil lotéricas no Brasil, é praticamente impossível fiscalizar com rigor. O custo para isso seria insuportável, por isso pensamos em legalizar o serviço”, afirma o gerente nacional de canal parceiro lotérico da Caixa, Antonio Carlos Barasuol. Desde fevereiro, apenas três lotéricas foram fechadas em todo o país por ofertar os bolões.
Com recibo
A proposta da Caixa é que cada participante do bolão tenha o seu recibo. Uma pessoa poderá coletar o dinheiro de um grupo e abrir o bolão na lotérica indicando quanto cada um pagou. A lotérica deverá fornecer os recibos (impressos pelo computador) para cada um dos jogadores com a fração do possível prêmio, de acordo com a quantidade paga por apostador. Assim, será possível também que cada um retire o porcentual do seu prêmio no banco. Donos de casas lotéricas também poderão abrir o bolão.
A ideia é passar a permitir o bolão na Mega-Sena da virada, no fim do ano. Inicialmente a Caixa pretende liberar os bolões para a Mega Sena e depois para jogos como Dupla Sena, Quina e Lotofácil. O sistema será avaliado pelo Ministério da Fazenda.
“Sempre apostei em bolões, mas depois do problema no Rio Grande do Sul decidi parar”, conta a jogadora Marli Mantovani. “Agora só aposto em cartão individual, mas se o serviço for ofertado oficialmente vou voltar aos bolões. As chances de ganhar são maiores.” O dono de uma casa lotérica de Curitiba acha que o número de apostadores de bolões tenderá a aumentar. “O produto mais procurado é o jogo individual, mas se os bolões forem legalizados, o público deverá aumentar”, diz o proprietário, que pediu para não ser identificado porque faz bolões – mesmo com a proibição da Caixa.