O Ministério do Trabalho deu prazo até abril para que carvoarias do interior paulista passem a respeitar as regras sobre condições de trabalho. O acordo foi feito hoje (14) em uma reunião no município de Pedra Bela, próximo à divisa com Minas Gerais, na presença de representantes de cerca de 200 carvoarias e do Ministério Público do Trabalho.
Oportunidade
Carvoarias paulistas têm até abril para ajustar condições de trabalho
No final do mês passado, 32 pessoas foram resgatadas na região em cinco estabelecimentos em condições análogas à escravidão. Em três locais havia trabalho infantil. Os locais de trabalho eram impróprios, com alojamentos precários, fiação exposta, maquinário irregular, e sem equipamento de proteção.
Em abril, o ministério deverá promover uma nova reunião com as carvoarias, antes de recomeçar a fiscalização. Segundo o superintendente do Ministério do Trabalho em São Paulo, Luiz Antônio de Medeiros, a opção pela articulação é uma forma de evitar um impacto negativo na economia dos municípios, fortemente dependentes da carvoaria.
A região é a principal fornecedora do produto para o estado de São Paulo. “Como é a principal atividade econômica, nós não podemos simplesmente chegar interditando carvoaria a torto e a direito. Nós temos que dar prazo para as empresas se adequarem”, ponderou Medeiros em entrevista à Agência Brasil.
As condições de trabalho em muitas das carvoarias são, no entanto, “as piores possíveis”, de acordo com o superintendente. Por isso, além de regularizar a contratação, o ministério recomendou que as empresas melhorem as condições de higiene e não usem o trabalho de menores de idade.
O órgão pretende levar o Programa Nacional de acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) para qualificar os jovens da região. “Para eles não terem que trabalhar no carvão”, disse Medeiros.
Sobre os trabalhadores resgatados, o superintendente disse que todos foram indenizados e receberam todos os direitos trabalhistas.