Janeiro de 2011. Esse é o prazo que o goleiro Marcos estipulou para encerrar a carreira como jogador profissional.
"Isso se a minha paciência deixar", disse ele, ontem, enquanto se dirigia ao vestiário após o treino. Marcos não quis papo com a imprensa. Fez essa declaração rapidamente, caminhando, sem parar para dar mais detalhes sobre a decisão.
Um dia antes, no intervalo da derrota por 3 a 1 para o Santo André, o capitão do Palmeiras afirmara que a torcida poderia ficar tranquila porque o sofrimento dela com o ele no gol só iria até o final deste ano.
O arqueiro falhara momentos antes, no segundo gol do Santo André, quando espalmou para a frente um chute cruzado.
O contrato do capitão da equipe com o clube vai até dezembro do ano que vem, 11 meses, portanto, depois do que o atleta agora afirma ser a data para a sua aposentadoria.
Desde que apareceu no gramado do CT, o camisa 12 trazia um semblante mais fechado. Treinou com os demais colegas de posição sob a orientação do preparador de goleiros, Fernando Miranda, e permaneceu sentado no gramado instantes após as atividades. Conversou pouco com os companheiros.
Internamente, dirigentes e companheiros de elenco acham pouco provável que o campeão mundial de 2002 com a seleção nacional realmente pare de jogar após o próximo Brasileiro.
Habituados às explosões repentinas do ídolo palmeirense, eles acreditam que bastarão algumas boas partidas do time para que o goleiro repense sua decisão e mude de ideia.
"Claro que não gostaríamos que isso acontecesse, mas é decisão dele, vamos respeitar. O Marcos é muito identificado com o clube, todos têm carinho por ele", falou o diretor de futebol Seraphim Del Grande.
O Palmeiras vive crise técnica e política desde que perdeu a vaga na Libertadores na disputa do último Nacional, quando esteve na ponta do campeonato e era tido como favorito absoluto à conquista do título.
Na atual temporada, o time tem sofrido até para vencer em seus domínios. Dos seis confrontos em que foi mandante no Estadual, só ganhou dois. Empatou e perdeu duas vezes.
Logo depois da derrota de quarta-feira, o próprio treinador relevou o desabafo de Marcos. "Algumas vezes ele dá declarações em momentos de nervosismo, por ser um palmeirense doente tentando fazer de tudo para que a equipe saia dessa situação", disse Antônio Carlos.
O novo vínculo do goleiro com o Palmeiras, firmado em maio do ano passado, prevê, além dos dois como jogador, mais três anos como funcionário do clube. A diretoria diz aguardar a posição do atleta para saber em qual área vai atuar.
"Isso vamos definir depois. Mas ele tem espaço tanto na comissão técnica como na diretoria", afirmou Del Grande.
O Palmeiras joga sábado, contra o Sertãozinho, no Parque Antarctica. O time precisa vencer para se manter na disputa por uma vaga nas semifinais. "Sem vitória, essa nuvem negra nunca sairá da nossa cabeça", disse Diego Souza, que, expulso, cumprirá suspensão.