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GEOPOLÍTICA NO AGRO

Milho sobe com guerra no Mar Negro e demanda firme no Brasil

Conflito no Mar Negro e demanda interna aquecida sustentam alta do milho no Brasil e em Mato Grosso do Sul.

lavoura de milho pronta para colheita ao entardecer, ao fundo silos metálicos e caminhões em movimento
Demanda doméstica forte e conflito no Leste Europeu mantêm o milho valorizado no mercado brasileiro. Foto: Gerada por IA | Adriano Hany

O mercado do milho entrou em uma fase de preços mais firmes, influenciado por fatores internos e externos. Nas bolsas internacionais, o cereal reagiu à escalada de tensão no Leste Europeu. Declarações recentes da Rússia sobre a intenção de bloquear o acesso de navios ucranianos ao Mar Negro reacenderam o risco sobre o escoamento de grãos daquela região. Esta área é um importante polo de produção de milho e trigo.

Essa sinalização elevou as cotações em Chicago e se refletiu também na B3. Os contratos futuros de milho no mercado brasileiro registraram altas entre 0,6% e 2,4%. O vencimento de janeiro encerrou o pregão ao redor de R$ 76 por saca. A leitura é de que parte da demanda não atendida pela Ucrânia tende a buscar originação em outros exportadores. Entre eles está o Brasil, com foco especialmente em países da África e do Oriente Médio.

Cenário Doméstico e Geopolítica do Milho

No entanto, a geopolítica não atua sozinha. No mercado doméstico, a sustentação dos preços também vem de uma demanda interna bastante aquecida. O consumo de milho pela cadeia de aves e suínos segue relevante e estrutural, com contratos que garantem fluxo constante de grão. Além disso, a expansão da produção de etanol de milho no Centro-Oeste adiciona um novo e robusto comprador ao mercado. Isso mantém a procura em alta ao longo de todo o ano.

Outro ponto citado é a melhor capacidade de armazenagem do produtor brasileiro. Com mais silos e estrutura própria, o agricultor consegue segurar parte da produção e vender aos poucos. Isso evita despejar grandes volumes de uma vez e dificulta quedas abruptas nas cotações, como se via em safras anteriores.

Reflexos no Mato Grosso do Sul

Em Mato Grosso do Sul, o reflexo aparece nas praças acompanhadas por consultorias de mercado. De acordo com dados citados no programa, São Gabriel do Oeste registrou alta de 0,49%, com a saca de 60 kg em torno de R$ 53,76. Já em Chapadão do Sul, houve leve recuo de 0,5%, para R$ 55,40. Em Maracaju, o milho permaneceu estável, próximo de R$ 56,20. Enquanto em Dourados, a saca avançou para cerca de R$ 57,17, após aumento de R$ 0,50.

Perspectivas para o Produtor

Com demanda doméstica sólida, procura externa em ascensão e oferta global condicionada à guerra no Mar Negro, o produtor entra em dezembro diante de um cenário de milho valorizado. Há também boa competitividade no mercado internacional.