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ENTREVISTA

MS pode ter novos temporais, risco de tornados e chuvas acima da média, alerta meteorologista

Abrahão detalha como ficam as condições para o fim da primavera e início do verão

MS pode ter novos temporais, risco de tornados e chuvas acima da média, alerta meteorologista

Após dias de instabilidade severa, volumes extremos de chuva e estragos em vários municípios, o meteorologista da Uniderp, Natálio Abrahão, explica que Mato Grosso do Sul continuará sob condições climáticas favoráveis a novos eventos intensos nas próximas semanas. Em entrevista, ele detalhou o que provocou as tempestades recentes, como fica o clima até o fim da primavera e os riscos para o verão.

Segundo Abrahão, os episódios registrados no Estado — com acumulados acima de 70, 80 e até 100 milímetros em poucas horas — não são comuns.

“Raramente temos chuvas tão elevadas em curto período. Isso gera danos significativos, como os que vimos em Campo Grande e em outros municípios”, afirmou.

Sol até sábado, mas instabilidade volta no domingo

De acordo com o meteorologista, a passagem de uma frente fria trouxe manhãs mais amenas nesta semana, e as condições de tempo estável seguem até sábado. “Vamos ter predomínio de sol, poucas nuvens e tardes mais quentes”, explicou.

A partir de domingo, porém, as temperaturas sobem e fortalecem áreas de instabilidade.
“Esse aquecimento combinado com a umidade favorece pancadas de chuva mais fortes, rajadas de vento, trovoadas e até granizo. Não descartamos a possibilidade de fenômenos como tornados em alguns municípios”, alertou.

Estado reúne condições para tornados

A discussão sobre tornados ganhou força após o episódio devastador no interior do Paraná na semana passada. Abrahão confirma que MS reúne condições para esse tipo de fenômeno.

Ele explica que, quanto mais distante do Equador, maior a chance de formação desse tipo de evento — especialmente na faixa que inclui Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, estendendo-se até parte de São Paulo e do Sudeste.

Segundo ele, mudanças climáticas e o aumento da temperatura do oceano elevam ainda mais o risco.

“Esses eventos podem se repetir. Variações intensas de pressão, solo muito aquecido e umidade elevada criam o ambiente perfeito”, explicou.

Primavera atípica e chuvas acima da média

Natálio considera que a primavera deste ano tem comportamento atípico, principalmente pela combinação de curto período de chuva com volumes muito altos.
“Campo Grande registrou dois dias seguidos que somaram mais de 100 milímetros. Isso foge à normalidade”, afirmou.

Ele reforça que a geografia da capital — marcada por córregos — e a falta de planejamento urbano agravam os impactos. “Antes de pensar no bem-estar, é preciso olhar para prevenção. Muitas áreas são ocupadas rapidamente sem estrutura adequada”, avaliou.

O que esperar para o verão

Para dezembro, a projeção é de instabilidades mais frequentes, sobretudo nas áreas de divisa com outros estados e países. Municípios como Corumbá, Chapadão do Sul, Costa Rica, Cassilândia e Três Lagoas devem registrar chuva fortes e até enchentes.

Entre 24 de novembro e 6 de dezembro, o alerta é máximo: “As bordas do Estado devem enfrentar eventos sérios”, disse.

Já a região central — incluindo Campo Grande — deve ter chuvas mais moderadas, benéficas ao agricultor e com menor potencial destrutivo.

“O mês de dezembro deve registrar chuva dentro ou acima da média histórica na capital”, concluiu.

Acompanhe a entrevista completa: