Depois de atingir a construção civil e a indústria naval, a escassez de mão de obra especializada já afeta setores como o automobilístico, o ferroviário, o de móveis, a siderurgia e metalurgia, o de transportes e o de serviços. A conclusão é de estudo feito pela Fundação Dom Cabral com as 76 maiores companhias do país.
O trabalho mostra que 67% das empresas pesquisadas têm enfrentado dificuldade na contratação de funcionários, apesar dos 8 milhões de desempregados no Brasil.
O professor Paulo Resende, responsável pela pesquisa, disse que o Brasil é "o país das disparidades".
– Há dinheiro para investir, mas a mão de obra especializada está cada vez mais escassa.
Em sua avaliação, essa questão pode se transformar num gargalo perigoso – a exemplo das carências da infraestrutura – para o crescimento sustentável do país, acima de 5% ao ano na próxima década. Ele conta que encontrou casos de companhias que estão importando mão de obra de outras nações da América Latina.
– No setor de petróleo, trazem profissionais da Venezuela. No agronegócio, de Argentina, Uruguai e Paraguai.
Recorde de emprego
O Brasil bateu novamente recorde na criação de vagas formais no mês passado. Com base nos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o Ministério do Trabalho verificou a abertura de 305.068 vagas com carteira assinada – mais que o dobro registrado no mesmo mês de 2009.
Com isso, chega a 962.327 o total de empregos abertos no ano. O resultado de abril é considerado o segundo melhor para todos os meses – o recorde continua sendo junho de 2008, quando foram gerados 309 mil postos.
O setor que mais contratou em abril foi o de serviços (96.583 empregados). A indústria de transformação, o comércio, a agricultura e a construção civil também apresentaram desempenho positivo na criação de empregos em abril.
O ministro Carlos Lupi diz que, para este ano, a estimativa de criação de vagas de emprego subiu de 2 milhões para 2,5 milhões. Segundo Lupi, a revisão da meta é resultado da contenção no ano passado, em razão da crise financeira mundial.