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Relator propõe reajuste unificado de 7% para aposentadorias

Governo insiste no índice de 6,14%, mas os partidos continuam defendendo um reajuste maior. Proposta deve começar a ser discutida nesta tarde

Os líderes partidários não chegaram a um acordo nesta terça-feira sobre o reajuste no valor das aposentadorias superiores a um salário mínimo, previsto na Medida Provisória 475/09. O relator da proposta e líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que vai propor um reajuste unificado de 7% (sem escalonamento).

O relator afirma que a expectativa é que a votação em plenário ocorra no máximo até amanhã à noite. "Chova ou faça sol, nós vamos votar nesta semana."

Segundo Vaccarezza, o governo se mantém na defesa da sua proposta inicial (6,14%). "O Congresso continua sem se entender. Nós vamos debater e quero vencer com 7%. Se perdermos, o governo vai ver o que vai fazer", afirmou o líder.

Vaccarezza destacou ainda que considera o reajuste de 7,7% (proposto pelas centrais sindicais) "um número cabalístico sem pé nem cabeça". Segundo ele, a proposta de reajuste de 7% foi amplamente debatida com a área econômica, com o ministro da Fazenda e com o ministro da Previdência e é considerada viável do ponto de vista das contas públicas.

O líder do governo recuou em relação à proposta de índices escalonados, conforme o valor da aposentadoria. De acordo com essa proposta, os reajustes seriam de 7,7% para quem ganhasse até três salários mínimos e de 6,14% para quem ganhasse acima desse valor.

Pressão aumenta
A expectativa de votar a MP nesta semana aumenta a pressão sobre o deputado Cândido Vaccarezza. Os aposentados e pensionistas ligados à Força Sindical e CUT organizam um corpo-a-corpo para sensibilizar os parlamentares a favor do percentual de 7,7%.

No comando do movimento, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, acredita que a pressão de um ano eleitoral vai permitir a aprovação da aposta mais alta, que corresponde à recomposição da inflação mais 80% do Produto Interno Bruto (PIB).

"Como o Congresso é contra o povo por natureza, só vota em ano eleitoral as coisas do povo, então ainda bem que tem eleição e por isso nós temos que pressionar e aproveitar o ano eleitoral para votar", diz o parlamentar. Paulo Pereira afirma que o líder governista Cândido Vaccarezza está isolado dentro da base aliada com a manutenção da proposta de 7% de reajuste, como prevê em seu relatório.

Concordância do governo
No entanto, o líder do PT, deputado Fernando Ferro (PE), nega que o partido esteja isolado, e acredita que o avanço acima dos 6,14% foi feito com a concordância do próprio governo. "Existe uma preocupação numa tentativa de nos isolar na votação dessa matéria. Nós não ficaremos isolados até porque fomos nós que promovemos essa conquista, convencendo o governo e apresentando uma proposta”, diz Ferro.

Na avaliação do parlamentar, “o melhor é iniciar um processo de recuperação gradativa dos salários dentro dessa possibilidade do Estado, até porque nesse governo os aposentados não tiveram perdas."