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ENTREVISTA

Sindicato mantém ação contra Santa Casa por salários atrasados

SindMed/MS afirma que só vai recuar das ações judiciais após a quitação integral dos valores e maior transparência na gestão do hospital

Marcelo Santana durante entrevista na rádio Massa Campo Grande (Foto: João Balbueno/ Massa CG)
Marcelo Santana durante entrevista na rádio Massa Campo Grande (Foto: João Balbueno/ Massa CG)

O Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (SinMed/MS) decidiu manter as ações judiciais contra a Santa Casa de Campo Grande, mesmo após o acordo firmado no Ministério Público Estadual (29) que prevê o pagamento de médicos que atuam no hospital. A entidade afirma que a medida busca garantir o cumprimento integral dos compromissos financeiros e evitar novos atrasos salariais.

Segundo o presidente do sindicato, Marcelo Santana, a decisão leva em conta a situação de diferentes vínculos de contratação dentro da instituição. Enquanto médicos contratados pelo regime da CLT enfrentaram atraso no pagamento do 13º salário, profissionais que atuam como pessoa jurídica acumulam, de acordo com o sindicato, até seis meses sem receber.

“O sindicato entende que as ações judiciais só podem ser revistas quando todos os acordos forem cumpridos integralmente. O que está em jogo é o direito básico do trabalhador de receber pelo serviço prestado”, afirmou Santana em entrevista à Massa FM.

Acordo não encerra disputa

O acordo firmado no Ministério Público envolve a administração da Santa Casa, o governo do Estado e a Prefeitura de Campo Grande. Apesar disso, o SinMed/MS avalia que a medida tem caráter emergencial e não resolve os problemas estruturais do hospital.

Durante a negociação, foi mencionada a exigência de produtividade dos profissionais após o pagamento. Para o sindicato, o argumento não se sustenta diante da realidade do hospital. “A Santa Casa sempre esteve lotada. A produtividade ocorre diariamente. Os médicos trabalham em um cenário de superlotação, falta de estrutura e sobrecarga”, disse Santana.

Questionamentos sobre gestão

O sindicato também cobra maior transparência na utilização dos recursos públicos destinados à Santa Casa. Santana defende que a sociedade tenha acesso a informações claras sobre a aplicação das verbas e os motivos que levaram à recorrência da crise financeira.

“Se falta recurso, é preciso rediscutir os valores repassados. Se há mau uso do dinheiro, os responsáveis precisam ser cobrados. O que não pode é o profissional pagar essa conta”, afirmou.

Outro ponto levantado foi o pagamento antecipado de outras categorias do hospital antes dos médicos. Para o SinMed/MS, a situação caracteriza tratamento desigual e falha de gestão, embora o sindicato reconheça a importância de que nenhum trabalhador fique sem receber.

Impacto no atendimento

De acordo com o sindicato, os atrasos salariais afetam diretamente a permanência dos médicos no hospital e a qualidade do atendimento à população. Há relatos, inclusive, de manifestações nas redes sociais sobre uma possível saída escalonada de profissionais caso os pagamentos não fossem regularizados.

Para Santana, o problema exige uma solução coletiva e definitiva. “A Santa Casa é um patrimônio do Estado. Atende pacientes de todo Mato Grosso do Sul. A responsabilidade é da gestão, do poder público e da sociedade. Não podemos chegar ao próximo ano discutindo os mesmos atrasos”, afirmou.

O SinMed/MS informou que seguirá acompanhando o caso e manterá as medidas judiciais até que todos os valores devidos aos médicos sejam quitados.

Acompanhe a entrevista completa: