Três dias após o terremoto que destruiu a capital haitiana, Porto Príncipe, a sede e a fome empurraram a população para a violência. O dia de ontem (15) foi marcado por inúmeros saques a mercados ou a qualquer lugar onde se possa encontrar água potável ou comida. Em meio a um cenário desolador, que remete a uma situação de guerra, a população continua nas ruas pedindo por socorro.
A insegurança é total. No centro da cidade a população se enfrenta para buscar comida soterrada pelos escombros de supermercados que ruíram com o terremoto da última terça-feira (12) que atingiu 7 pontos de magnitude. Gangues começaram a atacar pessoas que estavam nos acampamentos formados em vários pontos descampados e praças de Porto Príncipe.
Houve ação militar para segurança na região portuária, no centro e em Bel-Air, bairro mais destruído pelo terremoto, mas não foi suficiente para conter os saques. Um armazém do Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU) foi saqueado.
Muitos corpos ainda estão nas ruas e o trabalho de remoção dos escombros ainda não começou a ser feito. Há corpos amontoados em vários pontos da capital. Com o passar das horas, o estado de putrefação avança e o mau cheiro aumenta, misturado com a poeira.
Na sexta-feira (15), militares e bombeiros brasileiros conseguiram retirar com vida dos escombros uma enfermeira de 46 anos. Ao se aproximarem dos escombros do hospital de três andares onde ela trabalhava, puderam ouvir seus gritos e iniciaram com as mãos a retirar o entulho. O trabalho durou quase três horas até que a enfermeira foi resgatada.