A prefeita Simone Tebet, nesta entrevista exclusiva ao Jornal do Povo, faz um balanço dos projetos realizados nos dois anos do seu segundo mandato, bem como fala sobre suas perspectivas para o próximo ano. “Nunca tivemos em 94 anos de história tanto investimento privado com teremos em 2010”, aposta. Ela afirma também em termos de obras, que será o ano de asfalto na Cidade.
Sobre a possibilidade de ser candidata a vice do governador André Puccinelli, a Prefeita, afirma que ainda não teve nenhum convite formal sobre o assunto, mas afirma que caso seja convida, será a decisão mais difícil que terá que tomar entre continuar prefeita ou renunciar ao mandato para disputar a eleição.
Jornal do Povo – A senhora está encerrando o segundo ano do seu segundo mandato. Qual é o balanço de 2009, comparado com os anos anteriores de sua administração?
Simone Tebet – Melhor do que os anos anteriores, mais aquém do que esperávamos. A crise que atingiu o Mundo, que atingiu o Brasil, pode não ter atingido as finanças municipais, a geração de emprego, a economia local, o desenvolvimento da nossa cidade. Mas somos como qualquer município da Federação Brasileira e dependemos de impostos federais, especialmente o nosso FPM (Fundo de Participação dos Municípios) e também impostos estaduais como o ICMS. E estes impostos permaneceram no mesmo patamar de 2008, então em 2009 em matéria de finanças foi aquém do que esperávamos, mas foi melhor que 2008.
JP – A Prefeitura fecha o ano no verde ou vermelho?
ST – Nós fechamos as contas no verde. Eu tenho três lições de economia que eu aprendi na vida e com o meu pai, e que trago para a administração. Primeira regra: Não gastar o que não se tem, ou seja, só gastar aquilo que se tem. Ao contrário de outras administrações que nos deixaram dívidas – lembrando que quando assumimos, a dívida era de quase 100% de toda a arrecadação do ano, devíamos mais de R$ 60 milhões e nossa arrecadação era de R$ 74 milhões – nós só gastamos aquilo que temos. Segunda regra: Apesar de termos dinheiro, não gastar tudo que se tem, é importante deixar reservas. E a crise nos mostrou isso. Reservas para situações que não estão sob nosso poder e podem acontecer, como enchentes, epidemias, problemas na saúde pública, crise econômica, etc. É importante se ter caixa, se ter reservas, como nós tínhamos e pudemos atravessar o ano de 2009 bem por conta disso. E terceira e última regra: Ainda que não vamos gastar tudo que temos, quando for é para gastar bem. Qual é a prioridade? É investir naquilo que seja de interesse público, a população é quem vai dizer. Assim como dizia meu pai, o importante é ouvir nas ruas, aquilo que é necessidade que a população pleiteia, nós procuramos dentro do limite da nossa capacidade econômica, financeira, servir e atender.
JP – Quais as boas notícias que a prefeita pode adiantar à população para 2010?
ST – Posso dizer sem dúvida e sem medo de errar que 2010 será o ano de Três Lagoas. No setor que gera qualidade de vida e desenvolvimento para a cidade, que é o setor de geração de emprego, nunca tivemos em 94 anos de história tanto investimento privado com teremos em 2010. A siderúrgica com mais de R$ 500 milhões de investimentos iniciais, que é a Sitrel (VCP e Grendene); a metalurgia mais de R$ 100 milhões de investimentos; outra fábrica de celulose – maior do que essa que esta aí – que é do grupo JBS (o maior grupo de frigorífico do mundo); e agora já confirmado para o segundo semestre de 2010 a fábrica de fertilizantes da Petrobras no valor de US$ 2 bilhões. Nós estamos falando de algo em torno de R$ 7 bilhões de investimentos, então não precisa dizer mais nada, pois isso significa geração de emprego, renda que é colocada no comércio, e ganham todos os setores empresariais, comerciais e da iniciativa privada do nosso município.
JP – Qual será a prioridade para o próximo ano em termos de obras e projetos?
ST – Se falarmos em obras físicas, 2010 será o ano do asfalto. Nós achávamos que seria 2009, mas em função de muitas chuvas, crises e de algumas verbas que ficaram congeladas do governo federal, não foi possível. Só em andamento e a começar em 2010 – uma análise superficial sem sermos muitos exatos em números – nós podemos dizer que teremos para asfalto e drenagem em nossa cidade algo em torno de R$ 14 milhões. Lembrando que R$ 5 milhões são do governo do Estado, que o governador André Puccinelli conseguiu em Brasília para fazer asfalto e drenagem; R$ 6 milhões são de emenda do deputado Waldemir Moka com a bancada de deputados; fora obras que faremos; e a obra que iniciou há pouco, e está muito no início ainda, aqueles mais de R$ 4 milhões de drenagem e asfalto da CESP. O resto, escolas, creches, clínicas de saúde, aquilo que a demanda for solicitando nós estaremos preparados para imediatamente suprir – construindo, reformando e ampliando.
JP – No próximo ano, a Cidade deverá contar com o início da construção de grandes complexos industriais, envolvendo nova fábrica de celulose, siderúrgica e até mesmo a tão disputada fábrica de fertilizantes da Petrobras. Estão confirmados estes investimentos? O que representam estes novos empreendimentos para a Três Lagoas e para o Estado?
ST – Os investimentos estão todos confirmados, muitos deles já com licença ambiental. Como é o caso da Florestal Brasil, que é o Projeto Eldorado de celulose já com audiência pública realizada como processo de licença ambiental. A Sitrel já está aqui e possui a licença ambiental e a Petrobrás está verificando área para poder dar início ao processo de licenciamento ambiental. Então todos esses investimentos estão confirmados. O que isso representa para Três Lagoas e Mato Grosso do Sul? Tudo aquilo que queremos, representa muito mais do que nossos melhores sonhos. Quem poderia imaginar que, ao invés de uma teríamos duas fábricas de celulose; junto com a de celulose nós teríamos uma fábrica fundamental para o desenvolvimento do Brasil, para a auto-suficiência em fertilizantes o que significa uma produção mais barata de alimentos (do arroz, do feijão, da carne) que, a médio prazo, poderá estar repercutindo no custo e no preço do alimento, na mesa do nosso trabalhador. Então tudo isso significa uma projeção nacional de Três Lagoas. Uma cidade que economicamente já está entre as 25 mais dinâmicas do País vai continuar nesse patamar. Isso representa geração de emprego para a população inteira de Mato Grosso do Sul. Vamos ter homens o suficiente para trabalhar nessas fábricas e empreendimentos no período da construção, e mesmo posteriormente a ele. Estamos falando no ano de 2010 em mais de 10 mil homens trabalhando e para 2011 provavelmente esse número vai ser maior ainda. Três Lagoas está dando um salto nunca antes visto, e vai se tornar num curto espaço de tempo na cidade economicamente, no setor industrial, mais importante de Mato Grosso do Sul.
JP – O governador afirmou que as chances da senhora ser a vice dele na eleição do próximo ano são mais de 100%. Está preparada para este novo desafio?
ST – Eu não escutei em nenhum momento o governador dizendo isso, pode ter dado alguma entrevista para o jornal ou em sites. Até 31 de dezembro de 2009 eu não falo de política, eu falo em política em ano eleitoral, portanto esse é um ano ainda de fechamento de contas e para terminar de colocar a casa em ordem. O que eu posso dizer é apenas o seguinte: eu não tive nenhum convite formal e nem uma conversa informal com o governador do Estado com relação à sucessão ou à possibilidade de ser vice ou não. E quando tiver e, se tiver, não tomarei nenhuma decisão sem ouvir as pessoas, a minha família, as pessoas que me rodeiam, as pessoas que nos ajudam e a população. Qualquer decisão que eu tomar vou perguntar o seguinte: Vai ser bom para Três Lagoas, vai ser bom para o nosso Estado ou não? Essa é a pergunta. Se o meu nome, o meu trabalho, a vontade que eu tenho de servir, a minha importância nesse setor for a permanência na cidade de Três Lagoas, eu permanecerei. Mas de qualquer forma eu não falo nesse assunto até 31 de dezembro, e não autorizo como já vi em alguns lugares, alguns políticos – mesmo que os do meu partido – falarem em meu nome. Quem fala por mim sou eu mesma, e no momento certo, se o governador me convidar, estaremos ouvindo amigos, minha família especialmente meu marido e a população três-lagoense. E rogando a Deus que me dê muita sabedoria e discernimento para fazer aquilo que for melhor para nossa população.
JP – Estou aqui na Cidade desde maio e percebi que um dos grandes problemas é a falta de galerias pluviais para o escoamento das águas. Em 2010, este problema será solucionado na área central e alguns bairros da periferia?
ST – Essa é uma das poucas questões que eu divirjo da imprensa, até quero colocar toda a equipe da Secretaria de Obras à disposição, sempre vejo alguns comentários por parte de vários meios da imprensa, às vezes até equivocados de drenagem na cidade: “a cidade é muito plana isso causa maiores problemas”. Isso é uma opinião minha, pessoal, eu prefiro uma cidade plana como Três Lagoas do que uma cidade com declive de planalto, como acontece nos grandes centros e em São Paulo, onde você vê as enxurradas levando bicicletas, carros, pessoas e matando. Você nunca ouviu falar que uma pessoa morreu devido à enchente, pois a cidade é plana. Pode ter uma rua que fique meia hora, ou uma hora sem poder transitar; pode ter excepcionalmente uma ou outra casa que alague, mas não passa disso. Então entre o bem material e a vida humana, a gente fica com a vida humana. Portanto, é bom para Três Lagoas ser plana, eu particularmente penso assim. Agora no aspecto infraestrutura, nós não conseguiremos resolver em um ano – como em 2010, o que não conseguimos em cinco anos à frente da Prefeitura – os problemas de 90 anos da história da cidade. O que nós podemos dizer é o seguinte: já fizemos mais que qualquer administração no que se refere a drenagem. Os grandes focos de drenagem na cidade são quatro – um eu não conto, pois não tem densidade populacional, as pessoas não moram ali, no fundo da região do Madrugadão. Dos quatro focos necessários de drenagem, três nós já resolvemos ou estamos tomando providência. Um é o Paranapungá, fizemos a drenagem e resolvemos o problema, agora falta continuar pelo Jardim Glória que é um grande projeto até o JK, sendo que o JK já foi resolvido. O outro é um projeto que está sendo licitado, que é o grande problema realmente, do Novo Aeroporto, e está no pacote de drenagem e asfalto do ano que vem. O terceiro nós já fizemos, que é do Nossa Senhora Aparecida, a da rua Manoel Jorge, que era um caos, esse era o grande problema de drenagem na cidade. E o quarto é o do bairro Santa Terezinha, que já foi licitado, e está sendo feita a drenagem. Os demais são pontos que serão aliviados por conta dessa drenagem, o Parque São Carlos já está sendo feito com esse projeto de R$ 5 milhões do governador e com isso alivia. Nós podemos dizer que resolvemos mais de 50% dos problemas de drenagem que tínhamos na nossa cidade e em 2010 muitas obras estão previstas. Agora a única coisa que eu não concordo que é problema de drenagem é chover acima da média e, aí por meia hora ou uma hora uma determinada rua asfaltada ficar alagada, isso pra mim não é problema de drenagem, é um problema de excesso de chuva, que está acontecendo no Brasil, um problema climático do mundo e às vezes você tem impactos negativos e temporários. Pra mim, problema de drenagem é sim o que está acontecendo no Novo Aeroporto, no Jardim Glória, o que está acontecendo por enquanto no Santa Terezinha e no Parque São Carlos, pois as obras ainda não estão prontas.
JP – Falando em chuva, um dos grandes problemas enfrentados pela senhora foi a paralisação da obra da pavimentação da rua do Orquídea II, prejudicando moradores de vários bairros da região do Guanabara, com ruas sendo transformadas em lagoas? Explique o que está acontecendo afinal com esta obra e como resolver este problema?
ST – Essa é uma obra de R$ 1 milhão, uma das poucas obras de drenagem e asfalto que veio do governo federal. Portanto é dinheiro público federal, houve licitação e a Caixa Econômica autorizou o repasse, e o Ministério Público a obra. A empresa realizou 30% da obra, esperou pra receber e não recebeu. Nós pedimos autorização da Caixa para pagarmos a contrapartida do município que era de 10%, para que a empreiteira não parasse. Houve uma demora, mas a Caixa autorizou, e a empreiteira continuou a obra e fez mais 30%, ou seja, fez 60% da obra e não recebeu um “tostão” do Governo Federal. Não posso exigir que o empreiteiro faça de qualquer jeito se ele tem o direito de receber antes de terminar a obra. Então isso é culpa única e exclusivamente do Governo Federal que não pagou à empresa a parte da obra já executada. Mas de qualquer forma eu tenho o compromisso da empresa – que apesar de toda dificuldade e que já está tendo o prejuízo – na parte que provoca o alagamento, assim que essas chuvas terminarem, eles vão fazer o cascalhamento novamente e asfaltar aquele trecho na Yamaguti Kanquiti, para que a gente possa resolver o problema. De qualquer forma, a médio prazo, uma vez essa obra pronta, resolve-se o problema do bairro, pois ali tem drenagem