O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) vai realizar, a partir do mês que vem, um censo canino e felino para saber o número exato de cães e gatos existentes em Três Lagoas. Em razão da quantidade de animais que foram sacrificados com leishmaniose, ou sintomas da doença, o coordenador dor CCZ, Antonio Empeke, disse que houve uma redução drástica dessa população na cidade nos últimos anos.
Empeke informou que em 2002 o Ministério da Saúde enviou para Três Lagoas 22 mil doses de vacina contra raiva. Com base nisso, estimava-se que na época existiam mais de 20 mil cães e dois mil gatos na cidade. No ano passado, o governo federal encaminhou apenas 10 mil doses da vacina, mas sobraram mil unidades. “O Ministério envia as doses com base nos dados de cães são submetidos a eutanásia, por isso afirmamos que houve uma diminuição drástica do número desses animais na cidade”, explicou.
O levantamento canino e felino será realizado por uma equipe de 15 pessoas, formada por funcionários do CCZ e agentes de endemias. O trabalho deve ser concluído em junho. Após esse processo, ele informou que o órgão pretende realizar um inquérito canino para identificar os locais em que há casos de leishmaniose em humano.
EUTANÁSIA
Somente neste ano, o Centro de Controle de Zoonoses realizou eutanásia em 804 cães. Desses, em 130 foram realizados exames com a confirmação de leishmaniose; 580 foram sacrificados com sintomas da doença e 94 por outras moléstias. Em média, 100 animais são sacrificados semanalmente em Três Lagoas.
Em 2011, foi realizada a eutanásia em 3.181 cães. Desses, 2.400 estavam com sintomas de leishmaniose; em 491 houve a confirmação através de exames e 290 foram sacrificados devido a outras doenças. “Quero deixar claro que o trabalho do CCZ é feito em respeito à saúde pública. Se houve diminuição de casos da doença em seres humanos, é graças ao trabalho do CCZ, que corta o ciclo do mosquito transmissor a partir do momento que tira os cães positivos do convívio com a população”, salientou o coordenador.
Para Empeke, é preciso a colaboração da população a fim de permitir que os sintomáticos sejam sacrificados. “Existem pessoas, alguns veterinários, inclusive, que acham que aqui há um frequente extermínio de cães, mas isso não procede. O CCZ não é um campo de guerra. O trabalho é feito com muita responsabilidade e ética, pensando na saúde pública”, ressaltou Antônio Empeke.
Apesar de todo esse trabalho, o coordenador do CCZ acredita que a leishmaniose canina é um problema que persistirá por um bom tempo em Três Lagoas, em razão do comportamento de alguns cidadãos, que não limpam seus quintais. Isso contribui para a proliferação do mosquito transmissor da doença.
GATO
Além dos cães, Empeke disse que existe grande possibilidade de a cidade ter muitos casos de leishmaniose em felinos. No ano passado, foi feito um estudo a partir do qual foi comprovado, na Unesp de Botucatu-SP, vários casos da doença em gatos na cidade. “Foi feita coleta do material [pela na orelha] em 48 felinos. Em 26, o resultado foi positivo. Isso é preocupante, porque o gato é menos doméstico que o cachorro. Portanto, a possibilidade de as pessoas contraírem a doença aumenta”, destacou.