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Três Lagoas

Crescimento da cidade não traz riquezas para toda população

Atualmente, 15.263 famílias vivem com renda per capita entre R$ 140,00 e R$ 311,00 por mês

Franciane aproveita um momento familiar no bairro Jardim das Violetas -
Franciane aproveita um momento familiar no bairro Jardim das Violetas -

Apesar do evidente crescimento industrial e econômico de Três Lagoas, muitas famílias ainda vivem de forma quase miserável no município, com um renda mensal que mal dá para pagar as contas básicas como aluguel, água e luz. De acordo com informações do Cadastro Único (CadÚnico) e Bolsa Família, atualmente, 8.954 famílias cadastradas nesses programas vivem com renda mensal per capita de meio salário mínimo (R$ 311,00). Outras 6.309 famílias vivem com renda per capita de apenas R$ 140,00 por mês. Os dados foram atualizados em 2010.

Levando em consideração que cada família possui, em média, quatro pessoas, é possível observar que mesmo se todos da casa trabalharem a renda familiar continuaria baixa, visto que o desenvolvimento da cidade tem inflacionado imóveis e alimentos (itens básicos para a sobrevivência). A família com renda per capita de R$ 311,00, por exemplo, terá uma média de R$ 1,2 mil para pagar suas contas no final do mês. Já aquelas com renda per capita de R$ 140,00 terão apenas R$ 560,00.

O número de famílias pobres mostra um número ainda mais alarmante. Mais da metade da população (59.612) vive com baixos salários. As pessoas que fazem parte das seis mil famílias citadas anteriormente pertencem à classe E (com renda familiar de até R$ 768,00), conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A população atual do município, segundo o último Censo, é de 101.791 habitantes.

EXEMPLOS
Entre as famílias cadastradas pelo CadÚnico, que se enquadram neste perfil, está a da dona de casa Franciane dos Santos Marcos, de 25 anos. Ela é casada e mãe de três filhos, com idades entre 11 meses e seis anos e vive com a família em uma casa disponibilizada pelo sogro, no bairro Vila Júlia. Apenas o marido trabalha. Ela contou que se precisasse pagar aluguel ficaria quase impossível sobreviver. “Vivemos com o dinheiro ‘contadinho’. Agora que meu caçula está maior, vai procurar emprego para ajudar nas despesas”, explicou.

Para Franciane, as grandes empresas que chegam ao município deveriam oferecer mais emprego para os três-lagoenses. “Elas chegam à cidade já com quase todo o quadro de funcionários completo. A maioria dos trabalhadores bem remunerados vem de fora”, destacou. “E os comerciantes de Três Lagoas deveriam pensar mais nos pobres antes de aumentarem os preços de tudo. Nem todo mundo está bem empregado e ganha bem aqui”, completou.

Já Rosineide Lima dos Santos, 45 anos, mãe de Franciane, mora em uma casa popular no bairro Jardim das Violetas. Ela vive com dois filhos, a nora e um neto. Apenas ela e um dos filhos trabalham. Segundo Rosineide, que trabalha entregando panfleto, o salário no final do mês é o suficiente apenas para comprar comida e pagar as contas de água e luz. Mesmo assim, ela é otimista e acredita em um futuro melhor. “Temos que lutar bastante para conseguir suprir nossas necessidades e vencer na vida. Não está fácil para ninguém. Graças a Deus eu não preciso pagar aluguel, porque se precisasse, não saberia o que fazer. Ainda mais que qualquer casinha hoje em dia custa pelo menos R$ 700 por mês”, disse.