Depois de algumas semanas com quedas consecutivas no índice de infestação, a dengue voltou a ser motivo de preocupação para a Saúde de Três Lagoas. O Levantamento de Índice Rápido do Aedes Aegypti (Lira), divulgado nesta quarta-feira, mostra que 15 bairros da cidade estão com o índice de infestação predial do mosquito transmissor da dengue considerado endêmico e sob risco de surto.
Conforme o Lira, realizado no período de 3 a 5 de abril, os bairros Interlagos, Santo André, Jardim Oiti, Vila Nova, Vila Alegre, Vila Piloto, Distrito Industrial, Nossa Senhora das Graças, Nossa Senhora Aparecida, Santa Luzia e São Carlos, obtiveram um índice de infestação predial de 6.7%.
O resultado é quase sete vezes superior ao recomendado como satisfatório pelo Ministério da Saúde (abaixo de 1%). De 1 % a 3,9% o índice representa situação de alerta. Acima de 3,9, há risco de surto. O preocupante é que, mesmo com as ações desenvolvidas pela Secretaria de Saúde, como a “Saúde na Comunidade”, tanto o índice geral quanto por bairros apresentaram um acréscimo.
No Lira, divulgado no início de março, o índice geral de infestação predial em Três Lagoas havia caído para 1.2%, o que já deixa a cidade apenas em alerta. No divulgado nesta quarta-feira, subiu para 2.6%.
Além disso, no levantamento de março, apenas quatros bairros (Nossa Senhora Aparecida, Santa Luzia, JK e Santa Rita) apresentavam risco de surto. Eles apareceram com 6.6% de infestação. Entretanto, conforme o novo levantamento, 15 bairros apresentaram um índice de infestação do mosquito transmissor da dengue preocupante. Segundo o coordenador do Setor de Endemias, José Carlos dos Santos Coelho, esses números são referentes aos imóveis da cidade. (larvas do mosquito encontradas dentro dos imóveis). O Lira aponta também um índice alto em relação aos depósitos: 3.2%. “Foram encontradas larvas em lixos, latas, sapatos, em resíduos sólidos, entre outros”, comentou.
Segundo Aldecir Dutra, coordenador estadual de Controle de Vetores, Três Lagoas teve um período com alta incidência, depois apresentou uma queda e agora voltou a ter um índice alto. Isso, segundo ele, deve-se às últimas chuvas. Apesar disso, ele adiantou que na próxima semana começará a terceira etapa de trabalho no combate ao mosquito transmissor da doença. A ação é realizada pelas secretarias estadual e municipal de Saúde. “Vamos mapear as novas áreas com foco para evitar a proliferação para outros bairros”, comentou.
COMPREENSÃO
O coordenador do Setor de Endemias da Secretaria Municipal de Saúde solicitou a colaboração da população para que não jogue lixos e entulhos nos bairros em que a ação “Saúde na Comunidade” já foi realizada. Ele informou que, infelizmente, existem moradores que estão jogando lixo nesses locais que já receberam o serviço de limpeza. “É nesses bairros que já receberam a ação que o índice está mais alto. Se a população não colaborar com a limpeza da cidade, vai ficar difícil reduzir o índice”, salientou.
Cidade lidera casos de dengue no Estado
Pelas informações divulgadas pela Secretaria Estadual de Saúde, Três Lagoas está em primeiro lugar na lista dos municípios de Mato Grosso do Sul com alta incidência da doença (proporcional ao número de habitantes). Conforme o boletim epidemiológico da semana de número 18, do início deste ano até o dia 5 de maio, o município havia registrado 1.580 notificações de casos suspeitos de dengue. Desses, 764 foram confirmados e uma possível morte por dengue hemorrágica está em fase de investigação. Os números equivalem a uma incidência de 1.506,7 para cada grupo de 100 mil habitantes.
O vírus tipo um e dois são os que circulam na cidade. Ainda não existe caso do tipo quatro registrado no município. Porém, em Campo Grande, Corumbá, Rio Brilhante, Ladário e Mundo Novo já existem casos do vírus tipo quatro confirmados.
A estratificação de risco para os municípios usa como ponte de corte valores de referência das taxas de incidência, calculada com os números absolutos de casos suspeitos por 100.000 habitantes, divididos pela população residente de cada município. Assim, os municípios são classificados como de baixa incidência, abaixo de 100 casos por 100.000 habitantes; moderada, de 100 a 300 casos por 100.000 habitantes; e alta incidência, acima de 300 casos por 100.000 habitantes.
Em todo o Estado, em 2012, foram 7.040 notificações de casos suspeitos.