
Profissionais da assistência social, psicólogos, servidores do Judiciário e técnicos que atuam diretamente no acolhimento de crianças e adolescentes participaram, nesta semana, de uma capacitação promovida pela Secretaria Municipal de Assistência Social em parceria com o Fórum de Três Lagoas.
O encontro teve como objetivo qualificar e fortalecer o projeto Família Acolhedora, serviço que oferece lar temporário a crianças e adolescentes afastados judicialmente do convívio familiar por motivos de risco ou vulnerabilidade.
O juiz da Vara da Infância, Adolescência e Violência Doméstica, Roberto Hipólito da Silva Júnior, reforçou que a atuação das famílias acolhedoras exige preparo técnico e acompanhamento constante.
“Toda família tem em seu âmago o cuidar. Mas é importante ter profissionalização. A criança acolhida está sob tutela do Estado. Por isso, capacitar é fundamental para que as famílias saibam o que fazer, como tratar e o que relatar”, afirmou.
O magistrado destacou que o projeto ainda está em fase de estruturação no município e que maiores investimentos do poder público são necessários para ampliar a rede de famílias aptas a receber os menores.
“É um salto necessário. Precisamos de alteração legislativa e maior investimento para ampliar o atendimento e trazer mais famílias para o programa”.
O projeto Família Acolhedora já atendeu mais de 50 crianças e adolescentes em Três Lagoas.
Como a demanda tem crescido, a capacitação também buscou alinhar procedimentos e melhorar o acolhimento, reduzindo traumas durante o período de afastamento do lar de origem.
A assistente social judiciária, Dirlene Colla, que conduziu a formação, compartilhou experiências de Camapuã, município referência no país, onde o serviço existe há 23 anos e funciona sem instituições de acolhimento.
“Erramos muito e fomos corrigindo ao longo do tempo. Hoje, levamos as experiências de Camapuã para vários municípios para fortalecer o acolhimento familiar dentro da realidade de cada cidade.”
Dirlene lembrou que, embora a retirada seja necessária para resguardar a integridade da criança, o impacto emocional é profundo.
“A criança não fez nada de errado. Mas é ela que sai de casa, do quartinho, da escola, dos amiguinhos. Por isso o acolhimento familiar é tão importante para reduzir esse trauma.”
O secretário municipal de Assistência Social, Fernando Garcia de Brito, destacou que o município pretende ampliar o número de famílias cadastradas.
“Vamos buscar por meio da mídia, trabalho de formiguinha e instituições religiosas. Precisamos de famílias com perfil, disponibilidade e carinho para acolher temporariamente essas crianças.”
Ele reforçou que a meta é evitar longos períodos de institucionalização e garantir que o retorno ao lar de origem aconteça assim que a família estiver apta.
Os interessados devem procurar o CRAS da região, onde receberão orientações e poderão iniciar o processo de avaliação.