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Dia Nacional da Acessibilidade mostra desafio diário de quem busca inclusão e acesso em Três Lagoas

A data funciona como um alerta para o poder público e para a sociedade

A discussão reforça que, apesar de avanços, Três Lagoas ainda enfrenta desafios importantes, como calçadas desniveladas, rampas inadequadas, falta de sinalização sonora e problemas no transporte e no atendimento público. Foto: Reprodução/TVC HD.
A discussão reforça que, apesar de avanços, Três Lagoas ainda enfrenta desafios importantes, como calçadas desniveladas, rampas inadequadas, falta de sinalização sonora e problemas no transporte e no atendimento público. Foto: Reprodução/TVC HD.

Nesta sexta-feira (5) é celebrado o Dia Nacional da Acessibilidade, uma data criada para lembrar a importância da inclusão e da garantia de autonomia para pessoas com deficiência. Em Três Lagoas, moradores que convivem diariamente com barreiras estruturais e atitudinais, e que reforçam: ainda há muito a ser feito.

A acessibilidade, é um conjunto de medidas que permite que todas as pessoas (inclusive aquelas com deficiência ou limitações temporárias) utilizem espaços, serviços e informações sem obstáculos. Isso envolve adaptações físicas, tecnológicas e comunicacionais.

Aos 65 anos, Antonio Donizeti vive diariamente os impactos da falta de acessibilidade. Após sofrer uma amputação na perna esquerda por causa da diabetes, ele depende da cadeira de rodas para se locomover. Mas as condições das rampas e calçadas da cidade tornam o trajeto arriscado.

“Tem muitas rampas no centro que são muito inclinadas. Outro dia, eu estava indo a uma reunião, vi que a rampa estava muito íngreme, mas tentei. Andei meio metro e a cadeira virou. Caí de costas”, relatou.

Ele afirma que pequenas ações poderiam evitar a maioria dos incidentes, como nivelamento adequado entre rua e calçada, rebaixamento correto de guias e manutenção constante.

Até mesmo o tempo de abertura dos semáforos dificulta a travessia.

“Tudo isso pode ser resolvido com um pouquinho mais de atenção. O governo, o Estado, o município precisam se sensibilizar. Até dez anos atrás eu não tinha esse problema, então sei quanto a vida muda”, destacou.

A psicóloga Paula Neres, que é deficiente visual e membro da Comissão para Elaboração do Plano Municipal da Pessoa com Deficiência, reforça que a acessibilidade não se limita às estruturas físicas.

Ela iniciou sua participação fazendo a autodescrição, prática que garante comunicação inclusiva , e destacou os diferentes tipos de acessibilidade:

  • Arquitetônica (como rampas e pisos táteis)
  • Comunicacional (Libras, Braille, audiodescrição)
  • Atitudinal (respeito e acolhimento no atendimento)
  • Tecnológica (sites e sistemas acessíveis)
  • Instrumental (adaptação de objetos e ferramentas)

“A acessibilidade é tudo que possibilita acesso e permanência de forma autônoma e com qualidade. Para mim, pode ser o piso tátil, o sinal sonoro, um atendimento respeitoso. Temos vários tipos de acessibilidade, não é só a rampa”, explicou.

Ela lembra que a inclusão também passa por atitudes diárias e pela participação da sociedade na construção de mudanças.

“Problema a gente sabe que tem, mudança a gente sabe que precisa acontecer. Mas qual semente estamos plantando para isso? Só reclamar não basta”, completou.

A discussão reforça que, apesar de avanços, Três Lagoas ainda enfrenta desafios importantes, como calçadas desniveladas, rampas inadequadas, falta de sinalização sonora e problemas no transporte e no atendimento público.

O Dia Nacional da Acessibilidade funciona como um alerta para o poder público e para a sociedade: garantir inclusão não é apenas cumprir normas, mas assegurar dignidade, autonomia e segurança para todos.