A literatura sul-mato-grossense volta os olhos, em setembro, para uma de suas vozes mais marcantes: Flora Egídio Thomé, escritora e poetisa três-lagoense que será homenageada na 9ª edição da Feira Literária de Bonito (Flib). O evento será realizado de 17 a 21 de setembro, na Praça da Liberdade, reunindo autores, leitores e pesquisadores de todo o país.
Flora ocupou a cadeira de número 33 da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL), atuou como professora por mais de quatro décadas e foi colaboradora de veículos como o Jornal do Povo, do Grupo RCN, sempre unindo seu olhar sensível ao compromisso com a cultura e a educação, resultando em profundidade com que aborda temas como o tempo, a memória e a condição humana.
Autora de títulos como Cirros (1980), Cantos e Recantos (1987), Retratos (1993), Haicais (1999) e Nas Águas do Tempo (2002), além de organizadora da Antologia Dimensional de Poetas Três-lagoenses, Flora também foi tema de teses e dissertações em universidades de Mato Grosso do Sul e São Paulo. Ainda assim, sua poesia permanece como um tesouro a ser descoberto por um público mais amplo, e a homenagem na Flib surge como uma oportunidade de ampliar esse alcance.
Segundo estudiosos de sua obra, a poesia de Flora traz a marca da contemplação e da delicadeza, mas também dialoga com questões universais, revelando uma escritora que soube transformar experiências cotidianas em literatura atemporal. Seu falecimento, em 1º de abril de 2014, deixou uma lacuna, mas também reforçou a importância de manter vivo seu legado.
Na Flib, Flora será homenageada ao lado de Carolina Maria de Jesus, considerada uma das maiores escritoras brasileiras do século 20, autora do clássico Quarto de Despejo. A homenagem conjunta une duas trajetórias distintas: a de uma escritora negra que denunciou as desigualdades sociais a partir das favelas paulistas, e a de uma professora e poeta três-lagoense, cuja escrita lírica mergulha no humano e no tempo.
Fortalecendo a produção literária – A organização da FLIB já havia confirmado autores de outros estados como Keka Reis, roteirista e escritora finalista do Prêmio Jabuti em 2018 e 2019; o jornalista e crítico musical Júlio Maria, autor da biografia Nada será como antes, sobre Elis Regina; e o duo formado por Sirlene Barbosa e João Pinheiro, responsáveis pela HQ Carolina, sobre Carolina Maria de Jesus, uma das homenageadas da edição 2025.