O setor florestal de Mato Grosso do Sul vive um momento de forte expansão, mas esbarra em um desafio que preocupa empresas e entidades, a carência de mão de obra qualificada. A avaliação é compartilhada por executivos da Eldorado Brasil, da Arauco e pela Reflore/MS, que veem na questão um gargalo para o crescimento sustentável do segmento.
Para o diretor florestal da Eldorado Brasil, Germano Vieira, a dificuldade vai além do treinamento. Segundo ele, os municípios onde estão instaladas as fábricas ainda não possuem estrutura suficiente para absorver a população que chega em busca de oportunidades. “Mesmo que as empresas tenham capacidade de treinar toda a mão de obra, nós temos uma dificuldade do suporte social. As cidades são pequenas, não têm casas, hospitais, escolas suficientes para atender o pessoal. Só a população do Estado não atende os grandes empreendimentos. É preciso ter paciência e esperar que isso se ajuste com o apoio do governo e dos prefeitos”, afirmou.
A avaliação é compartilhada pelo diretor-executivo da Reflore/MS, Dito Mário, que reforça que a carência de trabalhadores qualificados é um dos pontos críticos para a continuidade da expansão. “Esse é um problema não apenas na indústria de celulose, mas em toda a cadeia produtiva. Precisamos pensar na formação de pessoas para atender às vagas que surgem em ritmo acelerado”, destacou.
No município de Inocência, onde a Arauco constrói a nova fábrica de celulose, o diretor Theófilo Militão também aponta a escassez de mão de obra como um dos principais obstáculos. “A falta de qualificação talvez seja o maior desafio. Estamos buscando soluções, como a mecanização florestal e programas de capacitação em parceria com o Senai. Hoje temos cerca de 600 vagas abertas para jovens e adultos interessados em se preparar para esse mercado”, explicou.
Com a nova fábricas em construção e outras em estudo, a preocupação é que o Estado consiga acompanhar a demanda crescente. Para as lideranças do setor, o avanço só será sustentável com investimento contínuo em capacitação profissional e infraestrutura urbana, garantindo melhores condições de vida para trabalhadores e famílias que chegam atraídos pelo “vale da celulose” sul-mato-grossense.