Neste 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra é celebrado pela primeira vez como feriado cívico nacional, marcando a importância da luta contra o racismo e a valorização da história e cultura afro-brasileiras. Sete em cada dez pessoas negras já enfrentaram algum tipo de constrangimento por preconceito racial. É o que revela uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com a plataforma QuestionPro, entre os dias 4 e 13 de novembro.
Os episódios de discriminação, vividos em situações do dia a dia, afetam a liberdade e o bem-estar de muitos brasileiros. O levantamento mostra que negros, que representam 55,5% da população (112,7 milhões de pessoas, segundo o Censo 2022 do IBGE), convivem com frequentes limitações sociais causadas pelo racismo.
De acordo com os dados, 39% dos negros evitam correr para pegar ônibus ou trem por medo de serem abordados, e 36% deixam de pedir informações a policiais. No comércio, 46% evitam entrar em lojas de marca, e muitos também preferem não solicitar ajuda a vendedores (36%), ir a agências bancárias (32%) ou supermercados (31%).
Essas vivências não só impactam a rotina, mas também a saúde mental: 73% dos negros relataram que situações de preconceito prejudicam seu estado emocional. Além disso, 68% dos entrevistados conhecem alguém que já sofreu discriminação, e 36% dos brancos reconhecem que podem ter sido preconceituosos, ainda que de forma não intencional.
Para Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, os resultados reforçam a urgência de políticas públicas e ações sociais que combatam o racismo e ofereçam suporte psicológico às vítimas. “Os números mostram que a desigualdade racial é percebida por quase todos no Brasil, o que exige medidas concretas para romper as barreiras que limitam as oportunidades de pessoas negras.”
Crime
No Brasil, o racismo é crime inafiançável e imprescritível, conforme a Lei nº 7.716/1989, também conhecida como Lei Caó, que homenageia o deputado Carlos Alberto Caó. Em 2023, a Lei nº 14.532 ampliou a pena para injúria racial, prevendo de 2 a 5 anos de prisão, com punição dobrada em casos de crime coletivo. Vítimas de racismo devem registrar boletim de ocorrência e, em casos de agressão física, realizar exame de corpo de delito para preservar provas.
*Com informações da Agência Brasil