Mato Grosso do Sul introduziu no calendário oficial a Semana Estadual de Conscientização e Reflexão sobre o Autismo. A data foi instituída pelo governador André Puccinelli, através do decreto lei número 4.199, publicado no diário oficial do Estado desta quarta-feira.
De acordo com a lei, o Dia Estadual do Autista será comemorado na primeira semana do mês de abril e visa conscientizar a sociedade, pais e profissionais da área acerca das necessidades dos autistas. Além disso, a semana também pretende incentivar a inclusão social por meio de ações educativas, encontros, exposição de vídeos, palestras e outros mecanismos de debate sobre o assunto.
Eny Regina Rodrigues, coordenadora Pedagógica da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Três Lagoas, explicou que proposta é válida, já que no Brasil, faltam campanhas de conscientização sobre o tema. “Se pararmos para analisar, agora começaram as campanhas de divulgação sobre o autismo no Brasil. Recentemente, começaram a surgir propagandas informativas na TV e programas referentes ao assunto. Quem sabe com essa lei, a divulgação melhore”, disse.
Para ela, a falta de conhecimento sobre a doença ainda é grande, assim como a resistência dos pais em aceitar o diagnóstico. “O autismo é diferente das demais síndromes. Ele não tem características visíveis. Só é constatado quando a criança passa a apresentar movimentos estereotipados, caso contrario passa desapercebido. Além disso, o processo de aceitação dos pais, geralmente, também é bastante difícil, pois se trata de uma doença que não tem tratamento”, explicou, destacando que, com acompanhamento especializado, é possível conseguir avanços.
DIAGNÓSTICO
Atualmente, a Apae de Três Lagoas atende a nove alunos diagnosticados com autismo. Eles fazem parte de um programa pedagógico específico, coordenador por Eny Regina.
Porém, o índice de crianças com a síndrome no município pode ser maior. Conforme a coordenadora, nem todos são diagnosticados de autismo no Brasil são devidamente diagnosticados. A dificuldade está na não existência de um exame específico para detectar a doença: os casos suspeitos passam pela avaliação de uma equipe de profissionais, entre eles fonoaudiólogos, pedagogos, psiquiatras, psicólogos etc. Este processo pode durar até uma semana – caso os atendimentos sejam sequenciais – e só pode ser realizado pela Associação de Amigos dos Autistas (AMA), instituição presente apenas em Campo Grande, no Estado. “O autismo é diagnosticado até os três anos de idade. Quando encaminhado para Apae, por um médico, nós realizamos uma triagem com vários testes com a criança, mas o diagnóstico é fechado apenas pela AMA. Trata-se de um processo bastante complexo. Nos casos mais recentes, os alunos foram cinco vezes para Campo Grande. Cada viagem teve a duração de dois a três dias”.
O AUTISMO
O autismo é um transtorno definido por alterações presentes antes dos três anos de idade e que se caracteriza por alterações qualitativas na comunicação, na interação social e no uso da imaginação. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a síndrome atinge mais de 2 milhões de brasileiros, e mais da metade ainda está sem diagnóstico. Em crianças, o autismo é mais comum que o câncer, a AIDS e o diabetes.