Com um espaço de 180 m², foi ativada esta semana a cozinha industrial do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira (CPAIG). No local, que é administrado por uma empresa terceirizada, já estão sendo preparadas cerca de 1,8 mil refeições por dia, destinadas aos reeducandos e servidores.
A novidade garante mais qualidade à alimentação servida, tendo em vista que diminui o tempo de preparo-consumo, segundo a nutricionista da empresa Real Food, Fabiane Martins, responsável pela cozinha. “Antes, os internos estavam recebendo alimentação vinda de fora, e esse tempo que se gasta entre o preparo e o transporte acaba, de certa forma, refletindo até no sabor”, comenta. “Agora, no máximo em trinta minutos após o preparo a comida já está sendo servida”, completa.
O espaço tem capacidade para produzir 3,6 mil refeições diárias, conta área de cocção (preparo comida), área de montagem das marmitas, setor de higienização, estoque, e duas câmaras frias; está equipado com três caldeiras, três chapas e um fogão, todos equipamentos industrias. A estruturação da cozinha dentro do presídio foi realizada pela empresa responsável pela alimentação, uma exigência do processo de licitação.
A inauguração simbólica do local foi realizada nesta sexta-feira (3) e contou com a presença do secretário de Justiça e Segurança Pública, Wantuir Jacini; do juiz da 2ª Vara de Execução Penal, Albino Coimbra Neto; e do diretor-presidente da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário, Deusdete Oliveira. Também participaram o juiz Vitor Guibo (13ª Vara Residual Cível) e o promotor de justiça Antônio André David Medeiros (25ª Promotoria de Justiça).
Segundo o secretário Wantuir Jacini, esse modelo de cozinha industrial terceirizada está presente em 17 unidades penais no Estado, gerenciadas pela Agepen, e representa um avanço da administração pública, tendo em vista que reduz desperdícios, garante o oferecimento de uma alimentação balanceada e de qualidade.
O diretor-presidente da Agepen, Deusdete Oliveira, destacou que modelo de terceirização adotado pela agência penitenciária exige que seja utilizada mão de obra remunerada dos próprios internos, o que garante trabalho digno a eles. “Eles também estão aprendendo uma profissão, é uma forma de estarmos capacitando esses reeducandos para o mercado de trabalho”, frisou.
No Centro Penal da Gameleira, doze internos estão trabalhando na cozinha. Pelo trabalho, eles vão receber um salário mínino mensal e remição de um dia na pena para cada três trabalhados. No Estado, aproximadamente 210 reedducandos trabalham no preparo das refeições em cozinhas terceirizadas instaladas nos presídios.
Para o juiz Albino Coimbra, a implantação da nova cozinha demonstra o avanço estrutural do regime semiaberto. O magistrado também concorda com a função social da iniciativa em utilizar os próprios internos no preparo das refeições. “É mais um posto de trabalho que se abre para eles, o que contribui significativamente para a ressocialização”, enfatizou.
O interno Eurismar Lacerda Souza, 57 anos, é um dos doze reeducandos que estão trabalhando no local. Segundo ele, o trabalho remunerado é uma grande oportunidade para recomeçar. “Também é uma forma da gente poder ajudar nossa família com o salário que a gente ganha”, comentou.
Capacitação e higiene
Para trabalhar na cozinha industrial do CPAIG os reeducandos passam por treinamento na área de higienização e manipulação de alimentos. Três funcionários da empresa Real Food também acompanham e treinam os internos para o correto preparo da alimentação.
Além de ser exigido bom comportamento, os reeducandos passam por exames médicos para atuarem na cozinha, conforme parâmetros exigidos pelos órgãos públicos de saúde e vigilância sanitária.