As obras da escritora três-lagoense Flora Egídio Thomé se transformaram em dissertação de mestrado na área de Letras na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Sob o tema “Nas águas do tempo: Memorialismo em Flora Thomé”, a dissertação foi apresentada pela professora Daura Del Vigna Galvão, orientada pelo professor Doutor Paulo Bugart Neto, e visa, além de trabalhar o tema memorialismo, prestar o devido reconhecimento à autora três-lagoense.
Segundo Daura, o trabalho aborda todas as obras de Flora, no entanto, o objeto principal de estudo é “Retratos”, lançado em 1993. “Na pós-graduação da UEMS, havia uma disciplina cujo objetivo era mostrar que havia em Mato Grosso do Sul outros bons autores além de Manoel de Barros [Hoje, o principal escritor sul-mato-grossense]. Nessa disciplina, tive contato com as obras de Flora Thomé, que foram base do meu trabalho de conclusão de curso. Li todos os seus livros, mas quando tive contato com “Retratos”, apaixonei-me. Trata-se de uma obra riquíssima e decidi que valia a pena estudá-la”.
O estudo das obras da escritora começou em 2009, quando Daura apresentou a monografia “Flora Thomé, uma flâneuse em Três Lagoas. De acordo com ela, o foco, na época, era diferente. Buscou-se, no trabalho de conclusão da pós-graduação, apresentar “a pintura das cenas de Três Lagoas através das poesias e crônicas da autora”. “Quem pensa que é um livrinho qualquer, falta leitura, falta visão”, disse.
Durante o processo de elaboração da dissertação, que levou dois anos, Daura levou o nome de Flora Thomé a diversas universidades, como UnB, Unesp de São José do Rio Preto e Unoeste de Dourados, onde aconteceram congressos nacionais e internacionais. “O objetivo deste trabalho também é tornar a obra conhecida, que assim como de outros autores regionais, não tem o devido reconhecimento”.
Flora Thomé concorda. De acordo com ela, a desvalorização dos escritores regionais acontece em todos os locais. “Só somos valorizados por pessoas de fora. Acontece com muitos outros escritores, de todo o lugar”, desabafa.
LIVRO
O processo de valorização da autora pode ser concretizado futuramente. Conforme Daura, ela foi orientada, por unanimidade da banca, a publicar um livro sobre a obra. A ideia ainda está sendo amadurecida e, para ser concretizada, Daura irá iniciar o processo de busca de apoio cultural e editoras interessadas.
Além disso, existe a possibilidade de a análise sobre as obras de Flora Thomé ganhar as páginas de uma revista especializada em Nova York – EUA. A hipótese surgiu através do professor Antônio Donizete da Cruz, PhD e um dos maiores especialistas em memorialismo do Brasil. “O professor Donizete, consultor da revista, é de Cascavel e foi convidado a participar da banca. Ele, que não conhecia o trabalho de Flora, também ficou impressionado”, disse.
Daura também foi aconselhada a trabalhar o mesmo tema em sua tese de Doutorado.
FLORA
Ocupante da cadeira número 33 da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, Flora Egídio Thomé nasceu em Três Lagoas e acompanhou, de perto, todo o processo migratório e as fases do desenvolvimento da cidade. Ela foi professora no Colégio Estadual “2 de julho”, na escola estadual Dom Aquino Correa e na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Além de artigos e crônicas publicadas em jornais, incluindo o Jornal do Povo, tem oito livros publicados.
