
Movimentos de paralisação atingiram as três “gigantes” da indústria em fase de implantação no município, nesta semana. Somadas, as manifestações na Siderúrgica de Três Lagoas (Sitrel), Eldorado Brasil (celulose) e Unidade de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobras (UFN III) totalizaram 9,5 mil operários (aproximados) parados.
A adesão mais recente foi a dos trabalhadores da Petrobras, iniciada por volta das 5h de ontem. Conforme um dos manifestantes, Adalberto Ramos, a paralisação foi desencadeada por conta dos baixos salários e falta de benefícios aos trabalhadores. Ele explicou que, atualmente, os funcionários terceirizados recebem salários de R$ 800 a R$ 1.000, valor abaixo da média.
A classe reivindica reajuste de 25% no salário e também aumento no vale-alimentação – que é de R$ 100 -; pagamento de horas in itinere; pagamento total de horas extras nos fins de semana e redução do intervalo tempo de visita aos familiares, de 90 para 60 dias.
“Nosso salário está muito defasado em vista dos outros [no município]. O vale-refeição que nos dão é de apenas R$ 100, enquanto na Eldorado o valor é de R$ 250 – e eles estão pedindo reajuste. Além disso, as empresas pagam apenas 50% das horas extras. Queremos o pagamento integral, 100%. Isso sem contar as horas que ficamos dentro dos ônibus, a caminho da empresa, e não recebemos nada”, disse Ramos.
Já o ajudante Valnei Silva também questionou a qualidade do plano de saúde oferecido. De acordo com ele, o serviço tem cobertura limitada no município. “É um plano bom para quem está em São Paulo. Aqui, ninguém atende através dele. O serviço é muito ruim”, destacou. Silva recebe R$ 800 ao mês.
SINDICATO
Embora o número de trabalhadores seja expressivo, quase dois mil operários (estimados), o movimento grevista teve comportamento pacífico. Pela manhã, os operários permaneceram na frente do canteiro de obras, onde aguardaram a chegada de um representante da força sindical. Eles foram atendidos por José Cleonildo, assistente sindical do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil Pesada (Sintiespav-MS). À equipe do Jornal do Povo, o sindicalista explicou que estava ali para coletar as reivindicações da classe e levá-las ao conhecimento das terceirizadas.
A entrega da pauta aconteceu às 14h do mesmo dia. Conforme o presidente da Sintricom, Agmar Luiz de Souza, os representantes das terceirizadas disseram estar surpresos com as reivindicações. A contraproposta delas deverá ser apresentada na terça-feira, em reunião agendada para as 14h. A equipe de reportagem tentou entrar em contato com a assessoria de imprensa da Petrobras, mas foi informada de que apenas as terceirizadas poderiam falar sobre o caso. O consórcio da UFN III é composto pelas empresas Queiroz Galvão, GDK e Sinopec. O Jornal do Povo tentou ligar para dois contatos, não obteve retorno até o fechamento desta edição.
ONDA
A onda de paralisações teve início na segunda-feira, quando oito mil trabalhadores da Eldorado Brasil cruzaram os braços por melhores salários e condições de trabalho. Um dia depois, 400 trabalhadores da Sitrel também paralisaram as obras na unidade.
Os trabalhadores da Petrobras foram os últimos a aderirem, mas anunciaram estar abertos à negociação. “Quero apenas lembrar que esta não é uma greve. É uma paralisação. Estamos dispostos a retornar ao trabalho na mesmo instante em que a empresa aceitar nossos pedidos”, reforçou Adalberto Ramos.
ELDORADO
Na manhã de ontem, os trabalhadores da Eldorado optaram pelo fim da greve que completava cinco dias. Em assembleia geral realizada por três horas no canteiro de obras da fábrica, os operários aceitaram a contraproposta da empresa e suas terceirizadas de 9% de aumento no salário, folga de campo para cada 75 dias trabalhados e 25% de adicional noturno. As empresas, segundo o presidente da Sintricom, Agmar Luiz de Souza, também aceitaram o pedido de equiparação salarial entre os trabalhadores do setor de montagem. As obras de construção na unidade deverão ser retomadas na segunda-feira.
Já em relação ao movimento de paralisação dos trabalhadores da Sitrel, Souza explicou que uma reunião com os representantes da empresa foi realizada na quarta-feira. Entretanto, eles mantiveram a proposta inicial. Uma nova assembleia com os trabalhadores deverá ser marcada.