O número de adolescentes que frequentam festas impróprias para a idade vem aumentando a cada dia em Três Lagoas. O Conselho Tutelar registra, em média, 15 ocorrências por mês desse gênero. Em cada uma delas, pelo menos 20 menores de idade são flagrados. Isso significa que aproximadamente 300 jovens são encontrados nesses locais todos os meses. Os números são considerados assustadores pelos conselheiros tutelares. No ano passado, a média era de 100 jovens por mês.
De acordo com a conselheira tutelar Miriam Monteiro Herrera Hahmed, no último evento realizado no município, proibido para menores de idade, foram flagrados 22 adolescentes com idades a partir de 14 anos. Todos foram encaminhados ao Conselho Tutelar de onde só saíram com os pais. “Alguns até choraram com medo de que os pais descobrissem o paradeiro deles”, disse, destacando que a maioria mente, alegando que vai passar a noite na casa de amigos.
Miriam destacou que o que mais vem chamando a atenção da Rede de Proteção à Criança e Adolescente é a audácia desses jovens. Para entrar nas festas, eles são capazes até de adulterar ou falsificar documentos. “Quando uma adolescente me viu na última festa, ela teve a coragem de me emprestar um documento de uma amiga. Outra rasurou a lápis o Título de Eleitor”, contou.
Apesar da ousadia dos adolescentes, Miriam não deixou de ressaltar que os organizadores são responsáveis pela entrada deles, uma vez que a segurança deveria estar reforçada. “O responsável pelo evento precisa pensar mais na segurança, mas eles só se atentam à data de nascimento e se esquecem de observar se existem rasuras nos documentos ou até de checar as fotos. É muito fácil identificar rasuras em documentos”, salientou.
MULTAS
Os organizadores que permitem a entrada de menores de idade em festas são multados. O valor é estipulado pelo Ministério Público Estadual (MPE) e pode chegar a R$ 15 mil. Mas não é apenas o bolso que pesa. Os pais também são penalizados. Além de eles responderem criminalmente por abandono de incapaz, podem pagar o valor que varia de cinco (R$ 3.110) a 20 (R$ 12.440) salários mínimos.
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Promotor de eventos defende que os pais devem colaborar
O promotor de eventos Danilo Fiuza também tem se surpreendido com a audácia dos menores de idade. Ele disse que as equipes organizadoras de eventos pensam em todos os detalhes para oferecer lazer ao público, sem desrespeitar a lei. “Nos convites e propagandas, por exemplo, deixamos clara a faixa etária permitida para entrar no evento”.
Para Fiuza, não basta apenas a equipe organizadora fazer sua parte. É necessário que os pais saibam por onde andam seus filhos. “É um trabalho em conjunto. Um lado só dificilmente poderá dar conta de controlar a situação. Seria interessante também que a polícia investigasse a procedência dos documentos falsos que eles conseguem”, completou.
Por outro lado, ele reconheceu que deve reforçar a segurança nos locais de festa, já que no último evento que realizou, um show funk, flagrou menores de idade entrando até pelo teto do banheiro do salão. “Eles quebraram o telhado e pularam”, destacou.
