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Três Lagoas

Sucessão estadual: PMDB e tucanos sinalizam para 3ª via

Após encontros regionais em Dourados, cenário aponta para três pré-candidaturas na corrida ao Parque dos Poderes

Após os primeiros encontros regionais de aquecimento eleitoral do PMDB e do PSDB em Dourados, no último sábado, o cenário aponta para uma terceira via na corrida ao Parque dos Poderes. As duas pré-candidaturas colocadas, do ex-prefeito Nelsinho Trad (PMDB) e do senador Delcídio do Amaral (PT), não devem cooptar o apoio dos tucanos que, ainda dependem, no entanto, de uma última conversa esperada para essa quarta-feira entre o postulante petista e o deputado Reinando Azambuja, que ensaia pré-candidatura ao governo do Estado.

A falta de representante do PT no encontro promovido pelos tucanos na Câmara de Dourados indicou que o PSDB deverá mesmo lançar candidato próprio. Até então a expectativa era por uma aliança tucano-petista, o que viabilizaria a candidatura de Reinaldo Azambuja ao Senado.

Em entrevista ao Jornal do Povo, Azambuja disse que não cogita concorrer à reeleição e seu projeto político passava primeiro pela candidatura ao Senado, diante a hipótese de aliança com o PT, ou à sucessão, em razão de não haver projeto de coligação com o PMDB.

A assessoria do PSDB informou que pelo menos três parlamentares do PT foram convidados para a apresentação do programa do PSDB para a disputa sucessória – senador Delcídio do Amaral e deputados federais Vander Loubet e Antonio Carlos Biffi. Em todos os encontros, o deputado federal Reinaldo Azambuja apresenta relatório das pesquisas regionais socioeconômicas, para dizer que ainda há muito por fazer em Mato Grosso do Sul.

O ex-deputado Valdenir Machado, a principal liderança tucana em Dourados e que no sábado voltou a defender a candidatura de Reinaldo ao governo, não acredita na aliança entre o PT e o PSDB em Mato Grosso do Sul. “Por mais que essa seja uma alternativa viável para vencer os candidatos majoritários do PMDB no Estado [Nelsinho Trad e Simone Tebet], minha experiência assopra que os interesses regionais não sobreporão aos nacionais”.

Para Valdenir, a união entre o PSDB e o PT no MS será um prato cheio para o candidato do PSB Eduardo Campos desqualificar a petista Dilma Rousseff e tucano Aécio Neves, seus dois principais adversários na corrida sucessória. “Seria um exemplo pronto e acabado para Campos defender junto ao eleitorado brasileiro que ele é o novo e que a disputa entre PT e PSDB não passa de jogo de cena, pois enquanto brigam lá em cima, namoram aqui em embaixo”, disse o deputado ao site Douranews.

Ainda de acordo com o ex-deputado douradense, a partir de quinta-feira, 1º de maio, “tudo indica” que Reinaldo Azambuja trabalhará na costura de um forte arco de aliança partidária em torno de sua candidatura ao Governo do Estado.

“Será uma alternativa viável aos projetos do PT e do PMDB já exauridos em Mato Grosso do Sul e que, ser for materializada ao lado do PSB do prefeito Murilo, dará a oposição ao governo Dilma um forte e representativo palanque em nosso Estado”, acredita Valdenir.

"Despiorar" – No encontro regional do PMDB em Dourados, que contou com a presença do vice-presidente da República Michel Temer, o governador André Puccinelli deu o tom da disputa e criou um neologismo que chamou a atenção. Em resposta aos ataques do deputado Reinaldo Azambuja, o governador disse que se ao menos não desenvolveu o Estado como se projetou, seu governo “despiorou” Mato Grosso do Sul.

“Nós já estamos pensando o MS há oito anos, e mais do que isso, fazendo mais pelo Estado”, disse André, numa referência ao programa do PSDB, intitulado “Pensando MS”. “Fui o único governador que tratou a todos igual, até os do PT, mas agora nossos companheiros vão ter mais”, afirmou o governador durante encontro no auditório da Associação Comercial e Empresarial de Dourados (Aced).

André disse que se as pessoas não acham que o Estado melhorou nesses oito anos do mandato dele, “pelo menos o ‘despioramos’ e isso até os sindicatos com quem tanto brigamos já começam a reconhecer”.

Ele disse que a Sanesul superou a marca de R$ 1 bilhão em investimentos depois que o presidente José Carlos Barbosa recuperou a empresa e que durante todo o mandato “não tivemos greve de polícia por aqui”, concluindo que “o 13º. Do funcionalismo também já está reservado”.

Em outro ponto da avenida Marcelino Pires, no plenário da Câmara, o deputado Reinaldo Azambuja dizia que a população da região quer mais saúde. Os números colhidos por ele indicam que a cidade oferece em torno de 520 leitos em todas as unidades. “Campo Grande tem cinco vezes mais do que isso, e a grande maioria dos pacientes de 38 municípios da região vem buscar atendimento em Dourados”, disse Azambuja.

 “A mudança que queremos agora não é igual a que fizeram em Campo Grande, onde o prefeito que eles [referindo-se ao apoio do PT e do PSDB ao ex-prefeito Alcides Bernal (PP) no segundo turno] colocaram está agora com pedido de prisão”, discursou.

Gafe – Michel Temer cometeu uma gafe ao dizer que André Puccinelli foi secretário do governo Wilson Martins no Rio Grande do Sul. “André foi um bom médico e grande secretário de Saúde no Governo de Wilson Martins, na década de 80, no ‘Rio Grande do Sul’ [depois corrigiu para Mato Grosso do Sul], ele conclui agora um mandato vitorioso e está pronto para eleger Trad Filho e Simone Tebet para o Senado”, afirmou.

Sobre a vice-governadora, o vice-presidente do Brasil disse que Simone não é ‘jejuna’ [parte do intestino delgado entre o duodeno e o íleo, segundo o dicionário Informal;  que está em jejum, vazio de ideias ou conhecimentos, conforme o Wikpédia], porque vem da linhagem do senador Ramez Tebet, assim como Trad Filho, da linha do deputado federal Nelson Trad. “Nesses dois eu me inspiro e procuro seguir o exemplo deles”, disse Temer, para concluir com a afirmação de que resolveu começar a visita aos Estados por Mato Grosso do Sul “e aqui ninguém quer mudar não”.

Aliança – Estando a aliança com o PT praticamente descartada, PSDB já trabalha com a ideia de uma coligação que mantém o DEM e o PPS. Tenta agora reforçar o grupo com o PSB do prefeito Murilo Zauith e que, segundo especulou-se no fim de semana, deverá indicar o vice ou candidato ao Senado na chapa de Reinaldo.

A maioria dos 19 vereadores de Dourados participou da recepção a Reinaldo Azambuja. Reinaldo repetiu que tanto pode ser candidato ao Governo como ao Senado. Eles devem trabalhar nas bases para consolidar o arco de alianças, segundo o presidente regional do PSDB, deputado Márcio Monteiro.

Já do lado do PMDB, o governador André Puccinelli citou o PSB e disse que espera contar com o partido de Murilo Zauith no palanque de Nelsinho Trad. Citou como aliados certos já o PRB, PT do B, PEN, SDD e PTN; e disse que quer manter o apoio do PR e que espera contar com PSB, PSD, PTB, PP, setores do PSDB e Pros.

Animado com os números que diz ter, Puccinelli disse que o PMDB pretende eleger cinco deputados federais ou, pelo menos, manter os atuais quatro. Na Assembleia Legislativa, quer eleger oito deputados, contra os atuais cinco.