Após dez dias em greve, terceirizados da Eldorado Brasil encerram greve e devem voltar ao canteiro de obras ainda hoje. Eles reivindicavam melhores salários e condições de trabalho. Nesta semana aconteceram duas reuniões entre representantes sindicais da construção civil, Força Sindical, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), representantes da Eldorado e de suas terceirizadas para que a pauta de reivindicações fosse analisada. Na manhã de ontem as empresa fecharam uma contraproposta que foi apresentada aos operários durante assembleia.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção do Mobiliário e Manutenção Industrial de Mato Grosso do Sul (Sintricom/MS), Agmar Luiz de Souza, a assembleia foi realizada, de forma pacífica, no canteiro de obras da Eldorado. Inicialmente, os trabalhadores negaram a contraproposta das empresas e elas precisaram rever a pauta.
Segundo Souza, as empresas consideraram inviáveis alguns dos pedidos do terceirizados, entre eles o que tornaria o convênio médico, que é regional, nacional e os cinco dias de folga para passar com a família. “Tecnicamente eles já recebiam esses dias, porém dois dos cinco dias tinham que ser compensados e eles acabavam tendo apenas três dias de folga”, disse Souza. Eles reivindicavam ainda que o vale-alimentação passe a ser de R$ 350. O valor desse benefício oferecido a eles era de R$ 60. A empresa, porém, ofereceu a proposta de aumentar o vale para R$ 130. “Os trabalhadores negaram e disseram que continuariam de braços cruzados até que essas reivindicações fossem revistas”, acrescentou.
Uma nova reunião com os representantes da Eldorado e das terceirizadas aconteceu ainda ontem, no início da tarde. As empresas reviram as exigências dos seus funcionários e acrescentaram o valor do vale-alimentação para R$ 250. Os cinco dias de descanso também foram cedidos. “Os dias que eles ficaram em greve também não serão descontados pelas empresas”, disse. Porém, o convênio médico não será alterado. “Dia 1º de abril vence a data base dos trabalhadores. Daí voltaremos a discutir o convênio médico e as horas extras”, disse.
DEMISSÕES
Um grupo de trabalhadores comunicou o sindicato que uma lista de demissões estaria correndo no canteiro de obras. “Eles temiam ser desligados por conta da paralisação. Porém, conversamos com os representantes e eles se comprometeram em não demitir ninguém”, destacou dizendo que todas as reuniões e a assembleia foram registradas em ata.
VIOLÊNCIA
Esta foi à quarta greve dos terceirizados da Eldorado. Diferentemente das anteriores, alguns deles optaram pela violência. No primeiro dia da paralisação um grupo de aproximadamente 600 trabalhadores impediu que os demais entrassem na empresa. O segundo dia foi de conflito entre operários e a Polícia Militar (PM). A PM chegou a usar armas com balas de borracha para revidar as ações dos trabalhadores. Aproximadamente cinco se feriram. Segundo a PM, eles estavam apedrejando ônibus e até as viaturas policiais que estavam em frente a Eldorado para oferecer segurança a eles.
Nesta quarta-feira um pequeno grupo de trabalhadores tentou novamente impedir a entrada de funcionários que não aderiram à paralisação. Alguns ônibus e vans chegaram a ficar parados na rodovia BR-158 por meia hora. A situação, porém foi controlada e a entrada dos trabalhadores liberada.