No futuro, os moradores do bairro São João, Santos Dummont, Vila Haro e toda a região, conhecida como “do lado de lá da linha” não precisarão mais se deslocar até o Pronto Atendimento Básico (PAB), situado no bairro Colinos, para receber atendimento médico.
De acordo com a coordenadora do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Mireilly de Souza Queiroz, Três Lagoas foi a primeira cidade de Mato Grosso do Sul a ser beneficiada com a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). O recurso foi aprovado em 2008 e hoje já está aberto o processo licitatório para definir a empresa responsável pela construção. “Será [uma unidade] como o PAB, com atendimento 24 horas, mas com protocolo de atendimento a ser seguido. O PAB segue a portaria de 2002. Já a UPA, será regulamentada pela portaria de 2009, do Ministério da Saúde”.
Uma das medidas previstas na portaria se refere à estrutura do prédio. Mireilly explicou que a UPA de Três Lagoas será de tipo 2 – entre uma unidade básica de saúde e o hospital – e atenderá, entre consultas e pequenas e médias emergências. A estrutura física, que será implantada no Jardim Planalto, precisa ter, impreterivelmente, mil m² de área construída, onde constarão com consultórios médicos, salas de exames e 12 leitos 24 horas, sendo três deles destinados à emergência (estabilização do paciente até a transferência para o hospital) – o projeto arquitetônico já está pronto.
O quadro de profissionais também precisa atender o que determina o protocolo. Serão quatro médicos plantonistas, sendo dois clínicos gerais e dois pediatras; no mínimo, dois enfermeiros por plantão; assistente social; farmacêutico; técnicos de gesso e raio-x, e técnicos de enfermagem.
A enfermeira informou que um dos fatores que contribuiu para a implantação da UPA foi a existência do atendimento do SAMU. De acordo com ela, os investimentos só são liberados para os municípios que contam com o serviço móvel de urgência. No entanto, o fator determinante para a destinação do investimento foi a mudança brusca do perfil populacional. “Na UPA, os profissionais serão capacitados para atender o trabalhador três-lagoense. Além do mais, estamos prestes a viver uma nova mudança no perfil populacional. São novas empresas vindo e trazendo novos trabalhadores”, destacou.
A UPA terá capacidade para realizar uma média de 300 atendimentos diários. Além do recurso para a construção da UPA, o Ministério da Saúde também realizou o repasse no valor de R$ 500 mil para a aquisição de equipamentos e R$ 350 mil mensais para a manutenção da UPA. O repasse para cobrir os custos da unidade é dividido em três esferas governamentais: 50% do governo Federal, 25% do Estado e 25% do Município.
CLASSIFICAÇÃO
Com a implantação da UPA, a Secretaria Municipal de Saúde pretende “desafogar” o atendimento do Pronto Atendimento Básico (PAB). A expectativa é que o atendimento naquela unidade, hoje a única com atendimento 24 horas no Município, seja reduzida até pela metade. No entanto, de acordo com Mireilly, o melhor benefício será a classificação de risco de pacientes.
“Hoje, não só em Três Lagoas como em todo o Brasil, não há classificação de risco. São atendidos aqueles que estão gritando de dor, ou sangrando. Em contrapartida, às vezes, aquele paciente que está sentado, esperando quieto, com dor no peito, corre muito mais riscos do que aquele que apenas sangra. É esta triagem que precisa ser feita”, destacou.
A classificação segue o protocolo de triagem do Ministério da Saúde. Quando em funcionamento, a intenção é levar a adequação também aos profissionais do PAB, por meio de treinamentos e qualificações. “A existência de protocolos é fundamental para um melhor atendimento. Com ele, todos falam a mesma língua”, destacou Mireilly.
Ministério aprova 250 UPAs para 2010
Com um investimento de R$ 552,2 milhões, o Ministério da Saúde cumpriu a meta e liberou repasses para a construção de 250 UPAs em todo o Brasil. Por meio da assessoria de imprensa do governo federal, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, informou que a meta foi cumprida no último dia 23, com a liberação para duas unidades (no Amazonas e em Minas Gerais).
Para este ano que se inicia, a meta é a liberação de mais 250 UPAs. O objetivo, explicou o ministro, é fortalecer a Estratégia Saúde da Família e ampliar o atendimento do SAMU e da UPA em todo o País para desafogar as emergências dos hospitais.
Baseado em experiências de sucesso em cidades como Campinas (SP), Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG), o projeto das UPAs 24 horas foi criado em 2002 e faz parte da Política Nacional de Atenção às Urgências.
As UPAs funcionam integradas a rede SAMU, à rede básica e ao Programa Saúde da Família. Nas unidades, assim que os pacientes chegam, os médicos prestam socorro, controlam o problema e detalham o diagnóstico. Em seguida, os profissionais analisam se há necessidade, ou não, de encaminhamento do paciente a um hospital.
Em Mato Grosso do Sul, foram liberados recursos para duas UPAs neste ano.