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Três Lagoas

Usuária de crack faz tratamento para poder doar rim ao marido em MS

Transplante de órgão foi realizado na Santa Casa, em Campo Grande

Esposa carrega fotos de marido e filho de 22 anos, que morreu em 2011 -
Esposa carrega fotos de marido e filho de 22 anos, que morreu em 2011 -

A dona de casa Déborah Carla Pagani, de 44 anos, se recupera da cirurgia que fez na última terça-feira (14) para doar um rim ao marido. Em entrevista ao G1, ela contou que era usuária de crack e precisou lutar contra o vício para poder doar o órgão.

Déborah explicou que o marido, Antônio Pagani, de 62 anos, convivia há vários anos com uma insuficiência renal e já havia perdido um dos rins por conta da doença. “Eu via meu marido indo às sessões de hemodiálise e lutando para ficar vivo, enquanto eu estava me matando com as drogas”, lembrou ela.

Os médicos recomendaram que Antônio fizesse um transplante e a esposa se ofereceu como doadora, mas não passou na avaliação dos médicos por ser usuária de drogas. “Eu fiquei arrasada, mas a força de vontade do meu marido me motivou. Comecei um tratamento e consegui parar de usar crack para poder ajudá-lo a ter uma vida melhor”, contou.

Déborah  lembrou ainda de como foi difícil se livrar das drogas e disse que chegou a ter recaídas. "No ano passado perdi o meu filho de 22 anos que era policial. Foi um grande trauma e eu voltei a usar crack. tive uma recaída, mas me recuperei", contou a dona de casa.
Ela e o marido estão internados na Santa Casa de Campo Grande. Segundo informações da médica nefrologista, Thais Vendas, o transplante durou cerca de 7 horas e o casal passa bem.

A médica explicou que Déborah teve que passar por diversos exames para poder ser doadora. “O risco de um usuário de drogas contrair doenças como hepatite ou HIV é maior. Os exames foram necessários para nos certificarmos de que o transplante não causaria nenhum risco para o paciente”, explicou Vendas.

Déborah e Antônio são casados há 14 anos e moram em Naviraí, distante 359 quilômetros de Campo Grande. O casal revelou que já planejana uma nova lua de mel, na praia, para comemorar o novo órgão recebido pelo marido.“Estou muito feliz. Agora é vida nova”, comemorou Antônio.
Segundo informações do setor de transplantes renais da Santa Casa, o casal deve ter alta na próxima semana.

Riscos
A médica nefrologista Thais Vendas explica que o transplante de rim é uma alternativa de tratamento para melhorar a vida do paciente que tem problemas renais crônicos. No entanto, ela alerta que, como toda cirurgia normal, o procedimento apresenta riscos e necessita de diversos cuidados pós-operatórios.
“O paciente transplantado deve ter um acompanhamento médico rigoroso e cuidados redobrados com a saúde e a alimentação. Deve fazer exames periódicos, de dois em dois meses, para monitorar o funcionamento do novo rim”, recomendou a especialista.
Segundo informações da assessoria de imprensa da Santa Casa, este foi o 4º transplante de rins realizado no hospital neste ano.