
O abuso sexual em crianças e adolescentes de oito a 16 anos é o principal tipo de violência contra pessoas dessa faixa etária em Três Lagoas. A maioria das vítimas é menina. O Conselho Tutelar registra, em média, três desses casos todos os dias, o equivalente a cerca de 90 casos por mês. Os números mostram que somente neste ano foram registradas 360 dessas ocorrências. No ano passado, era registrada uma média de um caso por dia. “Acredito que o número de casos está aumentando porque a população está mais encorajada a denunciar”, explicou a presidente do Conselho Tutelar, Miriam Monteiro Herrera Hahmed.
Segundo Miriam, os casos de violência sexual são responsáveis por 70% dos atendimentos realizados no conselho. Os 30% restantes representam os casos de abandono e negligência. Ela disse ainda que, em 80% dos casos de abuso sexual, os familiares que moram na mesma residência que as vítimas são apontados como os principais suspeitos.
Os casos mais recentes foram denunciados nos últimos dois dias. Em um deles, a vítima, uma jovem de 16 anos, era abusada sexualmente pelo padrasto há seis meses. Quando ela se negava em manter relação sexual com o agressor, ele a espancava e a castigava. “Nós a encontramos ontem com manchas roxas na garganta devido às surras que levava”, disse Miriam. O suspeito foi encaminhado à Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM).
Um caso registrado na última semana preocupou ainda mais os conselheiros tutelares: uma adolescente de 16 que era estuprada pelo pai biológico. “Um detalhe: ele tem AIDS. Mas, felizmente, a menina passou por exames que comprovaram que ela não contraiu a doença, pois ele usava camisinha”, contou Miriam. O acusado fugiu.
ABANDONO
Entre os casos de abandono ou negligência atendidos pelo conselho, está o de uma menina de cinco anos que foi encontrada sozinha perambulando pelas ruas do bairro Guanabara. Uma moradora a viu e acionou os conselheiros. Segundo Miriam, tratava-se de uma indígena de Caarapó. A mãe, usuária de drogas, veio a Três Lagoas e simplesmente a deixou para trás. “Conseguimos localizar a família e a levamos para o avô paterno que conseguiu a guarda provisória da criança”, disse.
Uma jovem de 16 anos também precisou ser levada de volta para sua terra de origem, a cidade de Iaçu, no interior da Bahia. Ela chegou ao município acompanhada de um dos trabalhadores das empresas que são construídas no município. Ao dividir o mesmo teto que ele, em um alojamento, ela passou a ser agredida fisicamente. Mais uma vez, o caso chegou ao conselho por meio de denúncia. “Eu a levei para Bahia, por meio de Ordem Judicial, na última semana”, disse Miriam.
DENÚNCIAS
Existem três números disponíveis para denúncias. É possível ligar no Conselho Tutelar por meio do número de telefone 3929-1812, de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. Os números 9293-1579 e o Disque 100 funcionam todos os dias, durante 24 horas. O denunciante não precisa se identificar.