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Como lidar com inadimplência em tempos de crise

Leia o Artigo publicado na edição do Jornal do Povo deste sábado

Por Redação
19/06/2021 • 07h00
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Não é novidade que, infelizmente, para além das perdas humanas, a pandemia também vem trazendo impactos econômicos bastante negativos mundo afora - inclusive (e especialmente) no Brasil. Em 2020, nosso PIB apresentou queda de 4,1%, registrando o pior resultado em 24 anos de série.

Com a redução da atividade econômica, as famílias passaram a ter menos renda e, consequentemente, a se endividar mais e a atrasar o pagamento de contas.

Mensalmente, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo atualiza os resultados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, realizada com 18 mil famílias de todo o país. Em abril de 2021, 67,5% dos entrevistados estavam endividados. Esse é o índice mais alto de endividamento desde que a pesquisa começou a ser realizada, em 2010.

Com relação à inadimplência, o cenário também não é dos melhores. Embora o índice esteja em queda, 24,2% das famílias estão inadimplentes - ou seja, com dívidas ou contas em atraso.

É um panorama que tira o sono das famílias e que também preocupa as empresas, que precisam administrar com cada vez mais rigor os riscos de calote.

Diante desse cenário, a pergunta é: Como reduzir os índices de inadimplência ou, na pior das hipóteses, como lidar com o aumento quase inevitável da inadimplência em tempos de crise?

Sendo bem sincera, a única certeza que tenho é que não existe fórmula mágica. É fundamental que a empresa entenda seu negócio, seu público, suas próprias necessidades e se aproprie das ferramentas mais adequadas para ela.. O que trago para contribuir são  as boas práticas que tenho adotado aqui no Pravaler.

1. Humanizamos cada vez mais o processo de análise de crédito

Nós nos orgulhamos de ter um processo de análise de crédito cada vez mais inclusivo e menos discriminatório. É mais gente que tem acesso à educação e menos dinheiro que a gente deixa na mesa. Ao mesmo tempo, fazer uma análise menos generalista, que seja baseada em dados específicos do nosso mercado e não apenas nas variáveis tradicionais (como histórico financeiro e CEP), nos permite ser mais precisos com relação a bons e maus pagadores e, consequentemente, sofrer menos com a inadimplência, contrariando a lógica de que fornecer mais crédito é invariavelmente errar mais.

2. Entendemos nosso público

Quando a pandemia estourou, rapidamente entendemos: não podemos deixar de oferecer aos nossos clientes a possibilidade de prorrogarem os pagamentos - afinal, muitos deles são bons pagadores que perderam suas fontes de renda e estão entrando na inadimplência por conta das circunstâncias. O momento exigia empatia. Nossos alunos precisavam continuar estudando. Por outro lado, não podíamos prorrogar os pagamentos de todos os nossos clientes e ficar sem gerar receita por alguns meses.
A saída foi montar analisarmos nosso público, entendermos comportamentos e montarmos uma árvore de decisão, um fluxograma que nos possibilitou enxergar de maneira mais clara as consequências de dizer para os nossos clientes “sim, vamos prorrogar o seu prazo” ou “não, não vamos prorrogar”. Ter todos os cenários ali, já previstos e visualmente expostos, trouxe agilidade e precisão à tomada de decisão. E tudo isso se refletiu em resultados bastante sólidos e consistentes.

3. Adotamos estratégias de cobrança digital

Trabalho remoto, videochamadas, aplicativos de delivery: com a pandemia, o mundo ficou ainda mais digital. E os métodos de cobrança também estão seguindo essa tendência. Além de ser menos invasiva para o cliente, a cobrança digital também possibilita que a empresa reduza o tempo gasto com atividades meramente operacionais e se dedique a repensar suas modelagens de risco para reduzir a inadimplência financeira na fonte. Ou seja: em vez de simplesmente remediar o sintoma, a gente ganha recursos para  pensar em medidas de profilaxia para evitar a propagação da doença.

4. Aceitamos que a inadimplência poderia aumentar dentro do Pravaler e começamos a tratá-la.

Melhor do que negar o problema é admiti-lo e traçar estratégias para solucioná-lo. O mundo inteiro foi impactado pela pandemia - e conosco não seria diferente. Ao aceitar que os problemas estavam presentes  e desenhar um cenário ainda mais drástico do que o que efetivamente vivemos, começamos a trabalhar para evitar que a inadimplência desestruturasse o nosso planejamento financeiro.
Para concluir, eu reforço que não existe receita de bolo para driblar os efeitos de uma crise dessa extensão. Mas conhecer nosso cliente,empregar a tecnologia e o uso de dados a nosso favor e agir com empatia, rapidez e colaboração sempre ajuda. Em todas as circunstâncias da vida. 

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