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ENTREVISTA

A trajetória da mulher que fundou um dos maiores grupos de medicina diagnóstica do país

Em entrevista ao programa Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande, Sandra Soares Costa relembra desafios, decisões estratégicas e a valorização de mulheres no Grupo Sabin

Sandra Costa nos estúdios da Massa FM Campo Grande - Foto: Fernando de Carvalho/Portal RCN67
Sandra Costa nos estúdios da Massa FM Campo Grande - Foto: Fernando de Carvalho/Portal RCN67

A trajetória de Sandra Soares Costa, cofundadora e presidente do Conselho de Administração do Grupo Sabin, foi o destaque da edição desta quinta-feira (29) do programa Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande.

Reconhecida como uma das mulheres mais influentes do Brasil, segundo a revista Forbes, Sandra compartilhou histórias de superação e visão empreendedora que marcaram os mais de 40 anos da empresa.

Criado em 1984, em Brasília, o Grupo Sabin nasceu em um período de instabilidade econômica e política no Brasil. Sandra relembrou as dificuldades do início: inflação galopante, planos econômicos sucessivos e a escassez de equipamentos importados.

Mesmo assim, ela e a sócia Janete Vaz decidiram investir em um modelo de negócio que combinasse excelência técnica com atendimento humanizado.

Início desafiador em tempos de incerteza

“A gente tinha o conhecimento técnico, mas empreender naquela época, especialmente sendo mulheres, exigia coragem”, relembrou Sandra. Durante os anos 1980 e 1990, o Brasil atravessou oito planos econômicos e três mudanças de moeda.

Além disso, havia barreiras de importação para equipamentos médicos, que só foram derrubadas no governo Collor.

A partir de 1994, o grupo conseguiu avançar na modernização e incorporar tecnologias de ponta. Esse salto permitiu melhorar a qualidade dos exames e preparar o laboratório para novos ciclos de crescimento.

Inovação com foco nas pessoas

Um dos marcos do Sabin foi a introdução de esteiras automatizadas em sua operação técnica, em meados dos anos 2000. Apesar do avanço tecnológico, Sandra destacou que nenhuma demissão foi feita. Pelo contrário: os colaboradores foram realocados, capacitados e muitos se tornaram líderes.

“Não queríamos reduzir equipe. Nossa estratégia sempre foi manter as pessoas no centro das decisões”, explicou. A empresa criou trilhas de desenvolvimento e programas de formação interna, com o objetivo de formar lideranças e sustentar o processo de expansão.

Cultura feminina e diversidade na liderança

Atualmente, 77% do quadro de colaboradores do Grupo Sabin é composto por mulheres. Entre os cargos de liderança, 74% também são ocupados por elas. Essa composição, segundo Sandra, não é uma coincidência estatística, mas o reflexo de políticas internas pensadas para valorizar a diversidade e criar oportunidades reais.

Ela ressaltou que a liderança não depende de gênero, mas de competência, preparo e visão. “A diversidade traz mais resiliência, favorece decisões estratégicas e impulsiona a inovação”, disse.

Expansão e governança

O crescimento geográfico começou em 2012, com a saída de Brasília rumo a outros estados. Hoje, o grupo está presente em 14 estados e no Distrito Federal, com mais de 350 unidades. Para viabilizar esse processo, foi implantado um modelo de governança corporativa robusto, que inclui sucessão planejada.

A atual presidente do Grupo Sabin, Lídia Abdalla, começou como trainee na empresa. O caso exemplifica como a formação de talentos internos se tornou uma marca da cultura organizacional do grupo.

Conselho a futuras empreendedoras

No encerramento da entrevista, Sandra deixou uma mensagem direta às mulheres que desejam empreender. “Busque aquilo que te dá brilho no olho. Sonhe, mas também tenha metas, planejamento e energia para inspirar quem está ao seu lado”, afirmou.

Com mais de 7 mil colaboradores e dezenas de aquisições ao longo da história, o Grupo Sabin é hoje um dos maiores nomes da medicina diagnóstica no Brasil — resultado de uma jornada construída com propósito, ousadia e dedicação.