O centro de Campo Grande enfrenta um processo acelerado de esvaziamento e insegurança que preocupa empresários e moradores. A avaliação é do diretor-financeiro da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), Paulo de Mattos, que participou ao vivo nesta segunda-feira (10) do programa Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande.
“O centro da cidade está morrendo. São mais de 290 imóveis fechados, aumento de assaltos, arrombamentos e falta de segurança. É preciso uma resposta urgente do poder público”, afirmou Paulo.
Evento cobra soluções para a região central
Para discutir esses problemas e buscar alternativas, a ACICG promove no próximo dia 17 de junho o evento “ACICG nos bairros – S.O.S. Centro”, no restaurante do Sesc, na rua Dom Aquino.
A proposta é reunir comerciantes e autoridades públicas em busca de ações concretas para reverter a decadência da região central.
O encontro contará com convites à prefeita Adriane Lopes (PP), além de representantes da Polícia Militar, Polícia Civil, Guarda Municipal, Câmara de Vereadores, Assembleia Legislativa, e secretarias municipais de Assistência Social e Saúde.
“Queremos unir forças. Muita gente em situação de rua nem é de Campo Grande. Com políticas sérias, é possível realocar ou até repatriar essas pessoas, como ocorre em outros estados”, disse o diretor.
Insegurança afasta consumidores
De acordo com Paulo de Mattos, um dos principais gargalos é a falta de segurança pública. A ACICG participa de conselhos comunitários e estaduais de segurança e tem recebido relatos de comerciantes e moradores preocupados com assaltos, furtos de fios e até estupros registrados nas imediações da Orla Ferroviária.
“Sem segurança, o consumidor evita vir ao centro. Isso afeta diretamente o comércio, desvaloriza imóveis e cria um ciclo de abandono”, alertou.
A associação denuncia ainda a presença constante de andarilhos e dependentes químicos, que utilizam estruturas abandonadas — como antigos vagões ferroviários — como abrigo.
A região da Orla Morena e da Afonso Pena, segundo Mattos, está entre as mais afetadas.
Comércio sem fôlego
Além da insegurança, o diretor cita problemas estruturais que impedem a retomada do comércio local. Entre eles, os corredores de ônibus que atravessam áreas de grande circulação, imóveis fechados que desvalorizam a paisagem urbana e a falta de rotatividade no estacionamento.
“A prefeitura não realizou ainda a licitação para a nova área azul. Hoje, funcionários deixam os carros estacionados o dia inteiro, e os consumidores não conseguem vaga. Isso afasta o público do centro”, completou.
Segundo ele, o comércio da Rua Barão do Rio Branco, 14 de Julho, Marechal Rondon e outras vias tradicionais já sente os efeitos de uma migração em massa do consumo para polos nos bairros, como Moreninhas, Nova Lima, Aero Rancho e Rita Vieira.
Pressão por mobilização
A ACICG já realizou encontros semelhantes na região da Coronel Antonino e na Orla Morena. Agora, com foco no centro histórico de Campo Grande, a expectativa é de que as autoridades não apenas escutem os apelos, mas também apresentem soluções.
“Não é só criticar. É se envolver, é cobrar, mas também colaborar. A Constituição diz que segurança é dever do Estado, mas responsabilidade de todos. E é nisso que a gente acredita”, finalizou Paulo de Mattos.
Confira a entrevista na íntegra: