Proprietário de uma barbearia na avenida Calógeras em Campo Grande, o empresário Thiago Grego (35), é uma das dezenas de vítimas de furtos na região central, situação bastante frequente e que se espalha por outros bairros da cidade. Segundo o comerciante que atua no centro há mais de 10 anos, os furtos somados às obras intermináveis do município, resultaram ao longo do tempo em um prejuízo de “R$ 400 mil.
“Há mais ou menos duas semanas, fiz boletim de ocorrência porque roubaram toda a fiação do meu prédio, roubaram relógio e até o hidrômetro de água, e em outro prédio fizeram a mesma coisa. Infelizmente a maior dificuldade que os comerciantes estão enfrentando é em relação aos furtos de tampa de bueiro, fios de cobre e máquinas de ar condicionado”, relata.
Segundo o empresário, a fiação roubada recentemente na barbearia foi recuperada, porém, os outros itens não. Thiago diz que outros empresários tiveram prejuízo muito maior. “Essa grana não é nada perto do que muita gente já perdeu com os furtos, além dos transtornos das obras no centro. Chegou num momento em que não consegui mais pagar o aluguel”, relata o empreendedor que declarou falência de um dos imóveis.
Membro do Conselho de Segurança da Região Central, Suki Osaki, relata que os furtos na região central, cometidos por dependentes químicos na grande maioria, são apenas uma parte do problema crônico. A moradora afirma que a venda de itens furtados aos ferros velhos favorece a prática ilícita.
“Eles praticam os furtos pra alimentar o vício. O grande problema é a impunidade, porque se não tivesse o comprador desse material furtado, não existiria comércio ilegal. Enquanto não houver uma legislação e juízes com ações mais ferrenhas, que coíbam esse tipo de crime, a situação vai se perpetuar”, dispara.
Recentemente, algumas lojas de roupas infanto-juvenil na rua 14 de julho, passaram por situação semelhante em relação aos furtos de fio de cobre. O empresário Christian Giovanny Barrios relata que os ladrões chegaram a cortar o fio do poste de energia elétrica em frente ao estabelecimento dele, que permaneceu sem luz por mais de 12 horas.
“Na última segunda-feira só cortaram o fio no meu estabelecimento, mas dias depois, os ladrões furtaram o fio do outro lado da rua. A gente ficou o dia todo sem energia elétrica e a Energisa só foi religar depois de muita reclamação, e já eram mais de 19h”, relata.
Técnicos da Energisa fazendo reparos em rede elétrica após fiação ser arrebentada – Foto: Arquivo pessoal
Em nota, a concessionária de energia elétrica Energisa informou que recebeu o chamado para verificar a situação e fazer a ligação novamente, e que o problema foi resolvido no mesmo dia. De acordo com polícia civil, durante a última operação Vastum, foram apreendidos quase 1 tonelada de fios de cobre furtados de postes, rede elétrica e estabelecimentos comerciais de Campo Grande.
O diretor de polícia da capital, delegado Wellington, reforça que a fiscalização no centro e bairros é feita constantemente, porém, o problema também está relacionado à saúde pública e as autoridades vem trabalhando no sentido de identificar os receptadores.
"Comerciantes e recptadores podem ser presos em flagrante delito por recptação dolosa. Infelizmente pelo valor do cobre a quase R$ 41,00 isso acaba sendo um atrativo e de certa foram a gente tem uma dificuldade, porque uma vez queimado, só no cobre, fica difícil de saber a origem do fio. O grande problema é esse, a gente precisa criar metodologias para retitrar essas pessoas da rua, mas acaba dependendo da vontade delas saírem também", analisa.