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ETNOTURISMO

Comunidades indígenas apresentam Plano de Visitação e fortalecem etnoturismo em Nioaque

Iniciativa valoriza cultura Terena e Atikum e amplia as oportunidades econômicas nas aldeias

Moradores das aldeias de Nioaque durante a apresentação do Plano de Visitação, que fortalece o etnoturismo e a geração de renda nas comunidades - Foto: Arthur Ayres/Portal RCN67
Moradores das aldeias de Nioaque durante a apresentação do Plano de Visitação, que fortalece o etnoturismo e a geração de renda nas comunidades - Foto: Arthur Ayres/Portal RCN67

O plano de visitação de etnoturismo foi apresentado pelas comunidades indígenas de Nioaque: Brejão, Cabeceira, Água Branca, Taboquinha e Vila Atikum, no último sábado (29), na Aldeia Brejão, em Nioaque. O Plano tem como objetivo estruturar a geração de renda, valorização da cultura e identidade e o fortalecimento da governança local.

A população de indígenas chega a 1.533 nas cinco comunidades, que envolvem as etnias Terena e Atikum. 300 indígenas participaram das capacitações. As ações na comunidade aconteceram ao longo de 11 meses, e tiveram o desenvolvimento de diagnósticos, oficinas, orientações coletivas e construção de produtos turísticos.

O Sebrae-MS e a Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur) promoveram treinamentos técnicos e de gestão, implantação de protocolos de segurança turística, desenvolvimento e consolidação de produtos comunitários, direcionamento para mercado turístico, além de formação de estratégias específicas para cada aldeia.

Moradora da Aldeia Brejão e participante das capacitações, Maria Madalena Viegas relata que os cursos abriram novas possibilidades para transformar ingredientes tradicionais em produtos com potencial de mercado.

Os cursos abriram um norte, me deu uma nova visão. Utilizava as frutas apenas para consumo próprio e após o curso, pensei que a jaboticada, por exemplo, poderia dar alguma coisa, aí eu fiz o sorvete de jabuticada. Através dos cursos, valorizamos mais o nosso trabalho, porque são produtos que a gente fabrica“, explicou Maria .

A melhora financeira e o “faro empreendedor” são destaques para Maria.

“Eu comecei vendendo o pão, farinha de mandioca e o polvilho, depois dos cursos, veio os sorvetes com os frutos e o maxixe. Eu senti uma melhora financeira, principalmente para a questão da compra no mercado, agora eu observo mais o que eu posso utilizar para melhorar o meu produto”, afirmou Maria.

Com os resultados do projeto já presentes no cotidiano das famílias das cinco aldeias, lideranças comunitárias e representantes das instituições parceiras destacaram a importância do etnoturismo para o desenvolvimento econômico, cultural e social da região. As autoridades reforçaram que a iniciativa não apenas amplia oportunidades, mas fortalece a autonomia das comunidades indígenas de Nioaque.

O prefeito André Guimarães enfatizou que o projeto representa um avanço significativo para o empreendedorismo indígena no município.

“Nós temos um território indígena bastante extenso, representativo aqui dentro das nossas características. Nós sentimos sempre que faltava alguma coisa para incentivar o empreendedorismo, e esse projeto tem de tudo para transformar a história aqui da nossa terra indígena, difundir a cultura deles e trazer geração de emprego e renda para dentro das comunidades”, explicou o Prefeito.

Para o Cacique da Aldeia Brejão, o etnoturismo marca um momento de valorização das tradições e do orgulho cultural da comunidade.

“A gente vê que o etnoturismo veio inovar tanto a nossa credibilidade quanto a nossa cultura, as nossas tradições. E eu creio que a nossa comunidade abraçou essa ideia da gente estar mostrando o que nós temos de melhor aqui também. Isso para nós é inovador, nós podemos estar levando tudo que nós temos de riqueza para o mundo conhecer e para que as pessoas possam nos visitar, valorizar a nossa cultura e valorizar tudo aquilo que nós temos da natureza”, ressaltou o Cacique.

O diretor superintendente do Sebrae-MS, Cláudio Mendonça, ressaltou que o trabalho realizado ao longo de quase um ano nas aldeias consolida um modelo de turismo seguro, estruturado e respeitoso.

“Quando nós colocamos aqui uma entrega de Empretec, quando nós colocamos aqui o etnoturismo sendo feito, um estudo e um acompanhamento pela Fundação de Turismo de 11 meses nessa comunidade. Ao criar vários cursos, várias oportunidades para que você possa trazer um turista e ele ter segurança, de ter uma boa alimentação aqui, de ter um um passeio seguro, de ter uma inclusão das pessoas e respeito a cultura”, exaltou o Diretor.

A entrega do Plano de Visitação marca o início de uma nova fase para as comunidades indígenas de Nioaque. Com a consolidação dos produtos turísticos, o fortalecimento da autonomia local e a ampliação das oportunidades de empreendedorismo, o etnoturismo se firma como um instrumento estratégico para promover desenvolvimento sustentável, preservar tradições e conectar visitantes às riquezas culturais dos povos Terena e Atikum. O trabalho conjunto entre as aldeias, poder público e instituições parceiras aponta para um futuro em que identidade, renda e governança caminham lado a lado.