Ao mesmo tempo em que, da imperiosa necessidade de segurança energética, decorre a importância da matriz energética contar com diversas fontes, o planeta demanda urgentemente de substituição das fontes fósseis de energia pelas renováveis, a fim de mitigar as mudanças climáticas. Neste contexto, percebe-se facilmente o imenso valor do aproveitamento de todas as oportunidades de aumentar a disponibilidade de energia renovável. E é aí que entra o artigo da Embrapa Agropecuária Oeste, de Dourados, sobre a importância da cana-de-açúcar para o melhor aproveitamento em Mato Grosso do Sul.
Nesse estudo, a Embrapa explica sobre a energia da cana. De toda a energia que a cana-de-açúcar armazena em sua parte aérea, proveniente da fotossíntese, aproximadamente um terço se encontra nos açúcares do caldo, um terço no bagaço (resíduo da extração do caldo, rico em celulose) e um terço nas folhas e ponteiros (principais constituintes do resíduo de colheita conhecido como “palhiço”).
Pelos açúcares comerciais (mascavo, cristal, demerara, refinado, etc), o valor comercial da sacarose motiva a produção canavieira no Brasil desde 1532. Já o etanol hoje conhecido como “de primeira geração” (ou seja, produzido pela fermentação de açúcares do caldo), era tratado como subproduto antes da década de 1970, pois é inviável cristalizar 100% da sacarose do caldo, então a produção de etanol era motivada, antes dos “choques do petróleo”, principalmente para aproveitar a sacarose residual no melaço, e também os açúcares glicose e frutose, presentes no caldo em menor quantidade que a sacarose, que são fermentescíveis, embora não sirvam à produção dos açúcares comerciais.
Palhiço de cana tem valor agronômico quando deixado no solo, pois promove grandes melhorias do ambiente produtivo e, consequentemente, melhores produtividades, tanto de colmos (TCH) quanto de açúcares (TAH) por hectare, redução da erosão, da perda de água por evaporação, elevação do teor de matéria orgânica do solo (que aumenta a eficiência da adubação), reciclagem de nutrientes (que a longo prazo chega a reduzir a necessidade de adubo), melhoria da qualidade microbiológica do solo.
Em algumas culturas agrícolas anuais, por exemplo no sistema de sucessão soja/milho safrinha, existem práticas agrícolas fortemente recomendadas, tais como o consórcio de milho com braquiária, com fins de produzir palha, tal o valor agronômico deste subproduto. Enquanto isso, a cana-de-açúcar tem o privilégio de produzir por si mesma palha muito abundante, cerca de 140 kg de massa seca de palha para cada tonelada de colmos produzida.
(Com informações/Embrapa)