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Campo Grande 124 Anos

De Sobazão à Maria Fumaça, Esplanada Ferroviária guarda grandes ícones da Capital

No coração de Campo Grande, os monumentos reiteram a miscigenação de culturas

- Foto:Ana Krasnievicz/CBN-CG
- Foto:Ana Krasnievicz/CBN-CG

Afinal, quem é que segura o Hashi do Sobá?

Se você já passou pela Feira Central, se deparou com um baita prato de sobá logo na entrada.

Elevado em 2006 à categoria de patrimônio cultural imaterial de Campo Grande, o prato ganhou em 2009 o Monumento do Sobá. A escultura feita pelo artista campo-grandense Cleir Ávila Ferreira Júnior, com peças de cimento armado, tem 9 metros de altura. E vem para concretizar a influência japonesa da província de Okinawa na cultura da Capital.

A presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Maria Madalena Dib Greco contou que o monumento divide opiniões. No entanto, ela ressaltou a importância da obra como apresentação da gastronomia campo-grandense.

“Então, esse monumento, embora alguns digam que é de gosto duvidoso, ele tem uma significância muito grande. Pela magnitude e a representatividade do sobá dentro da nossa cultura, é bem expressivo, ele está ali fazendo o papel dele, quer chamar a atenção para a feira”, comentou.

E como chama a atenção, além de atrair público para a Feira Central, o monumento desperta a memória afetiva da população pelo prato típico composto por macarrão oriental, carne, cheiro verde, fios de ovos e muito caldo.

Com 14 anos de construção, a obra apesar de intacta, está com a pintura desbotada. Neste tempo, desde a sua inauguração, o monumento nunca passou por nenhuma revitalização. A segurança e a manutenção estão a cargo da administração da Feira Central.

Perto dali outro monumento que chama atenção é a Maria Fumaça. Apontado para o céu o monumento foi inaugurado em outubro de 2018. A locomotiva faz parte da história da cidade. Nela vieram pessoas de toda a parte, que aqui miscigenaram para criar essa cultura tão única da capital de Mato Grosso do Sul. Testemunha viva desta história, o Presidente da Associação de Ferroviários aposentados de Campo Grande, Nelson de Araújo, contou que a sua vida está intimamente ligada a estação ferroviária. Campo-grandense ele lembrou que desde criança frequentava a região do início da avenida Calógeras, que assim que alcançou idade se candidatou ao cargo de ferroviário. Para ele, o trem trouxe muito mais que pessoas, trouxe também crescimento econômico.

“A ferrovia trouxe pro nosso estado o progresso, trouxe o trabalho. Trouxe emprego, trouxe qualidade de vida, porque hoje nós temos grão recorde de toda safra, o que abastecia o nosso estado na questão de petróleo vinha pelo trem, cimento, nós fazemos transportação, maquinário, ferro, chapa de aço para Bolívia, e afins” relembra.

Passados 129 anos da chegada da malha ferroviária em Campo Grande, o que sobrou da ferrovia, foram pequenos vagões e pedaços de linhas espalhados para a cidade, para Nelson a Maria Fumaça está ali para relembrar tudo que a esplanada ferroviária já viveu. Em direção ao céu ela traz consigo esperança de dias melhores.

"Então, a Maria Fumaça foi discutida as questões de como colocaria, como colocaria. Então, como a ferrovia já estava assim, na UTI, que a gente fala, já estava morrendo, e a gente esperava que ela tivesse um sol. Levantando para poder desenvolver, para poder crescer, para poder revitalizar Então ela significa que ela ia decolar, realmente ia crescer, então uma coisa para cima, uma coisa positiva para poder trazer energias boas para poder realmente consolidar" explica.

Quando inaugurado, o monumento era promessa de dias melhores para a região. Entretanto hoje com a rotunda logo ao lado, ocupada por pessoas em situação de rua e usuários de drogas, o progresso na região nunca chegou. Segundo moradores da região já foi o tempo em se podia fazer passeios e passar a pé por ali, agora é perigoso.

Foi tempos que a gente vinha para cá, porque agora está um pouco mais perigoso, né? Sim. Que tem o pessoal, usuários de drogas. Então foi um pouco mais difícil, mas antigamente eu vinha aqui direto. Com a família, todo mundo, tomar um tereré.

Com a estrutura bem preservada. a segurança e manutenção são de responsabilidade da prefeitura de Campo Grande. Segundo a administração rondas diárias são realizadas na região.