A suspeita de circulação de bebidas adulteradas com metanol em São Paulo, que já resultou em mortes, acendeu um alerta também em Mato Grosso do Sul. Em entrevista ao programa Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande, o delegado Wilton Vilas Boas, titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes contra as Relações de Consumo (Decon), afirmou que não há registros semelhantes no Estado, mas destacou que a fiscalização está sendo intensificada.
Ações de fiscalização e apreensões
Segundo o delegado, a atuação da Decon é contínua e ocorre tanto no campo repressivo quanto na orientação de empresários e consumidores. Ele explicou que, em Mato Grosso do Sul, o tipo mais comum de adulteração é a troca de bebidas: “O falsificador utiliza uma garrafa de produto mais caro e insere uma bebida de menor qualidade, o que já representa risco de contaminação”.
Além disso, a proximidade com a fronteira favorece a entrada de bebidas contrabandeadas. Recentemente, a Decon apreendeu cerca de 200 garrafas em uma casa noturna de Campo Grande, entre uísques e vodcas de origem paraguaia.
“Não há controle sobre a procedência, o que também pode representar risco à saúde”, alertou.
Penalidades e atuação conjunta
Wilton Vilas Boas ressaltou que a polícia não tem competência para interditar estabelecimentos, ação que cabe ao Procon e à Vigilância Sanitária. Porém, além das medidas administrativas, os responsáveis podem responder criminalmente pela venda irregular. Ele destacou a importância da atuação conjunta entre os órgãos de fiscalização.
Orientações ao consumidor
O delegado reforçou que o consumidor também faz parte da cadeia de fiscalização, embora a identificação de falsificações seja difícil até mesmo para especialistas. Como principais cuidados, ele recomenda atenção a preços muito abaixo do mercado, lacres e rótulos violados e a origem do produto.
“Se a bebida não tem selo de fiscalização em português, é um risco. É essencial comprar em locais de confiança, com nota fiscal e alvará de funcionamento”, orientou.
Prevenção e próximos passos
A Decon vai intensificar as ações de fiscalização em razão dos casos registrados em São Paulo. Uma reunião com empresários de bares e eventos está marcada para este mês, em parceria com o Procon, para reforçar informações e medidas preventivas.
Wilton Vilas Boas concluiu destacando que denúncias podem ser feitas não apenas à Polícia Civil, mas também ao Procon, à Vigilância Sanitária e ao Ministério Público. “Vivemos pelo princípio da confiança. Quando essa confiança é quebrada, quem sofre é o consumidor. Por isso, é fundamental redobrar a atenção e agir preventivamente”, afirmou
Confira a entrevista na íntegra