
A greve dos dentistas em Campo Grande começa nesta quarta-feira (17), após aprovação unânime da categoria em assembleia. A paralisação envolve cirurgiões-dentistas que atuam na rede municipal de saúde e foi motivada pelo não cumprimento de decisões judiciais relacionadas ao Plano de Cargos, Carreira e Remuneração, além de problemas nas condições de trabalho nas unidades da Capital.
Segundo os profissionais, há determinações judiciais em vigor que tratam do reposicionamento funcional da categoria e do pagamento do auxílio-alimentação, este último amparado por decisão liminar.
A categoria afirma que tentou negociar com o município antes de deliberar pela greve, mas sem avanço nas tratativas.
“Há decisões judiciais que já estão consolidadas e que seguem sem aplicação prática, o que acaba levando a categoria a recorrer a esse tipo de mobilização”, afirmou o presidente do Sindicato dos Odontologistas de Mato Grosso do Sul (Sioms), David Chadid.
Mesmo com a paralisação, os atendimentos não serão totalmente suspensos. A categoria decidiu manter um percentual de funcionamento superior ao mínimo previsto em lei para serviços essenciais.
Enquanto a legislação estabelece a manutenção de 30% do atendimento, os dentistas estimam que mais de 50% dos serviços ambulatoriais seguirão em funcionamento, além da garantia integral dos atendimentos de urgência e emergência.
De acordo com o sindicato, profissionais contratados e residentes não devem aderir à greve, o que contribui para ampliar o número de atendimentos durante o período de paralisação. Em algumas unidades, o funcionamento ambulatorial deve variar entre 40% e 47%.
“Mesmo em greve, a preocupação foi organizar o atendimento para que a população não fique desassistida, especialmente nos casos que não podem esperar”, explicou Chadid.
Além das questões judiciais, os dentistas relatam dificuldades estruturais que, segundo eles, impactam diretamente o atendimento odontológico. Entre os problemas citados estão a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), escassez de insumos e a quebra de equipamentos essenciais, como compressores.
“Há unidades em que procedimentos deixam de ser realizados porque não há equipamentos funcionando ou materiais básicos disponíveis”, relatou o presidente do Sioms.
Segundo a entidade, mais de 30 compressores estariam inoperantes, o que inviabiliza parte dos atendimentos. Procedimentos eletivos poderão ser remarcados durante o período de greve, enquanto os casos de urgência e emergência seguirão sendo atendidos normalmente.
O sindicato afirma que a paralisação segue os critérios legais e poderá ser suspensa caso haja o cumprimento imediato das decisões judiciais. “A mobilização também busca garantir condições mínimas de trabalho para que o serviço público consiga atender a população de forma adequada”, concluiu Chadid.