
A Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados, completa 50 anos em 2025 sustentando um modelo de atuação baseado em parcerias, diálogo com o produtor rural e integração entre unidades espalhadas pelo Brasil.
A avaliação é do chefe-geral da unidade, Harley Nonato de Oliveira, em entrevista ao programa Agro é Massa, na Massa FM Dourados.

Segundo ele, a trajetória da Embrapa na região foi construída de forma coletiva. “A nossa grande fortaleza, com certeza, são os parceiros”, afirmou. A celebração dos 50 anos, realizada dentro da unidade, foi citada como exemplo desse vínculo. Mesmo em uma sexta-feira de feriado em Campo Grande, parceiros de diferentes municípios fizeram questão de estar presentes.
“Isso mostrou o quanto as parcerias são valorizadas e o quanto juntos nós conseguimos fazer mais e melhor”, destacou.
Produtor rural é o principal parceiro
Ao falar sobre pesquisa e desenvolvimento, Harley reforçou que o produtor rural ocupa posição central nesse processo. Para ele, a pesquisa só faz sentido quando se transforma em solução prática no campo.
“Se a gente desenvolver uma tecnologia e não houver, por parte do produtor rural, o intuito e a vontade de assimilar aquela tecnologia, não há razão para eu desenvolver algo que não vai ser utilizado”, afirmou.
Segundo o chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste, muitas pesquisas nascem a partir das dificuldades relatadas diretamente pelos produtores. “Desde o momento em que ele nos traz uma demanda ou expressa dificuldades no processo da lavoura, isso abre oportunidade para buscar a solução desse gargalo”, explicou.
Transferência de tecnologia depende de articulação
Harley destacou que a transferência de tecnologia não ocorre de forma isolada. Além da pesquisa e do pesquisador, é fundamental a atuação conjunta com sindicatos, prefeituras e outras entidades para mobilizar produtores.
“Se não houver parceria com os demais órgãos para mobilizar as pessoas, não vai ter evento, não vai ter capacitação”, afirmou. Segundo ele, dias de campo e eventos técnicos só cumprem seu papel quando conseguem alcançar quem está no campo.
Em um cenário de queda no preço de algumas commodities e custos elevados de produção, o chefe-geral ressaltou que o acesso a tecnologias se torna ainda mais estratégico.
“É de extrema importância que as opções e as tecnologias sejam disponibilizadas para melhorar a produção e tornar o custo compatível com a realidade do produtor”, avaliou.
Pesquisa orientada pelo presente e pelo futuro
Dentro da estrutura da Embrapa, a pesquisa atua tanto de forma preventiva quanto reativa. Harley explicou que a instituição mantém um centro de inteligência voltado a antecipar problemas futuros, mas que o diálogo com o setor produtivo segue sendo determinante.
“Esse diálogo com produtores, sindicatos e câmaras setoriais é uma via de mão dupla”, afirmou. Muitas vezes, segundo ele, questionamentos surgidos em eventos acabam se transformando em novos projetos de pesquisa.
Além disso, desafios identificados em outras regiões do país funcionam como alerta para atuação nacional. “Algo pode começar a acontecer em uma região e isso acende o radar da Embrapa para olhar aquele tema em todo o país”, explicou.
Integração nacional substitui competição
Uma mudança recente no modelo de atuação da Embrapa também foi destacada na entrevista. Antes, as unidades competiam entre si por editais internos. Agora, o foco passou a ser a cooperação entre as 43 unidades descentralizadas.
“Hoje, quando surge um desafio, todas as unidades que têm competência naquele tema se unem para buscar a solução”, afirmou Harley. Segundo ele, essa integração permite reunir diferentes expertises e acelerar respostas para problemas comuns em várias regiões do Brasil.
Informação mais próxima do produtor
Ao falar sobre difusão do conhecimento, Harley destacou que a proximidade e o acesso direto à informação são fatores decisivos. Ele citou o papel dos meios de comunicação especializados como ponte entre o produtor e a pesquisa.
“Uma das grandes oportunidades que nós temos é essa conversa aqui com vocês”, afirmou, ao mencionar o contato frequente de produtores que buscam orientação por meio da rádio.
Como exemplo, relatou um caso recente envolvendo problemas em plantios de mogno. Mesmo não sendo especialista na cultura, Harley intermediou o contato com pesquisadores da Embrapa Florestas, indicou material técnico e orientou o produtor.
“Antes mesmo de receber as fotos, eu já havia passado o contato do especialista e o material técnico para avaliação”, contou.
Para ele, a síntese desse modelo está na disposição para atender. “É proximidade e acessibilidade à informação”, resumiu.
Confira a entrevista na íntegra: