Problemas nas costas, cansaço excessivo, falta de motivação no trabalho. Esses são alguns dos sintomas que podem indicar que algo está errado com a ergonomia no ambiente profissional.
O alerta foi feito nesta sexta-feira (30) pelo engenheiro de controle e automação Leonardo Cristal, especialista em ergonomia e ESG, durante entrevista ao vivo no programa Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande.
Cristal explicou que a ergonomia vai muito além da cadeira confortável ou da altura da mesa. Segundo ele, trata-se de uma área que busca adaptar o ambiente de trabalho às condições físicas e psicológicas do colaborador, para promover produtividade, conforto e segurança.
“Não é o trabalhador que deve se adaptar ao ambiente. É o ambiente que precisa estar ajustado para ele”, enfatizou.
Home office exige atenção com postura, iluminação e pausas
Durante a entrevista, o especialista deu dicas práticas para quem trabalha de casa. Ele destacou a importância de investir, dentro do possível, em mobiliário adequado, iluminação eficiente e um ambiente arejado e silencioso.
“Muita gente esquece que uma iluminação ruim causa cansaço visual e até estresse. E em Mato Grosso do Sul, que tem temperaturas elevadas, trabalhar em um ambiente quente também compromete o desempenho”, disse.
Cristal também recomendou pausas regulares a cada duas horas, com alongamentos e caminhadas de 5 a 10 minutos, para aliviar a pressão sobre músculos, nervos e articulações.
“Ficar muito tempo na mesma postura pode gerar desde dores lombares até problemas mais graves, como hérnias de disco ou varizes.”
Pequenas empresas também devem agir
Ao contrário do que muitos pensam, os cuidados com a ergonomia não são exclusivos de grandes empresas. Cristal explicou que qualquer empregador que tenha funcionários contratados deve seguir as normas regulamentadoras.
“Seja com dois ou com duzentos colaboradores, a responsabilidade é a mesma. O que muda é a complexidade do projeto”, afirmou.
Segundo ele, a NR17, norma que trata da ergonomia, está diretamente ligada à NR1, que trata da gestão de riscos ocupacionais. “Além de uma questão de bem-estar, é uma obrigação legal. Ignorar isso pode gerar afastamentos, perda de produtividade e até problemas jurídicos.”
Comunicação é chave para identificar riscos
Um ponto central da entrevista foi a importância da comunicação entre empresa e colaborador. Cristal defendeu que gestores estejam atentos aos sinais físicos e comportamentais da equipe, e que os trabalhadores se sintam à vontade para relatar dores, desconfortos ou até desânimo emocional.
“Às vezes, o colaborador começa a sentir dor ou a perder o ânimo de ir ao trabalho. Isso pode ser sinal de risco físico ou psicossocial. E os riscos emocionais também estão contemplados na norma. Pressão, assédio e depressão devem ser levados a sério”, explicou.
Cristal ainda destacou que o diálogo contínuo e o cuidado genuíno com o bem-estar da equipe podem refletir diretamente na produtividade e no faturamento das empresas. “Muitas vezes, o que está faltando para melhorar o desempenho da equipe é simplesmente ouvir e ajustar as condições de trabalho.”
Confira a entrevista na íntegra: