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ISRAEL X IRÃ

Guerra entre Irã e Israel gera alerta sobre impacto nos combustíveis em MS

Conflito entre Irã e Israel gera alerta no MS sobre risco de alta nos combustíveis e impacto econômico.

Guerra no Oriente Médio pode afetar preço dos combustíveis no MS
Setor de combustíveis em Mato Grosso do Sul acompanha tensão no Oriente Médio e possíveis impactos no Brasil.

O avanço da tensão entre Irã e Israel já provoca reflexos no mercado internacional de petróleo. Isso acende um sinal de alerta no setor de combustíveis em Mato Grosso do Sul. Durante entrevista ao programa Microfone Aberto da Massa FM, Edson Lazaroto, gerente executivo do Sinpetro-MS, avaliou os possíveis impactos da guerra no Oriente Médio sobre os preços praticados no Brasil.

Segundo ele, nos primeiros dias de conflito, o preço do barril de petróleo registrou uma elevação de cerca de 15%. Apesar disso, os consumidores brasileiros ainda não sentiram reflexos imediatos nas bombas.

“Até o momento, não houve impacto direto. Esperamos que a guerra seja rápida e que os efeitos não cheguem ao Brasil”, afirmou Lazaroto.

Impactos da guerra nos preços dos combustíveis

No entanto, caso o cenário geopolítico se agrave e o barril atinja a cotação de 120 dólares, como projetam alguns economistas, o impacto pode ser inevitável.

“Se chegar a esse patamar, o preço da gasolina pode praticamente dobrar. Mas, diante do cenário político e econômico atual, acredito que o governo vai adotar medidas para segurar o aumento, pelo menos até as eleições”, destacou.

Lazaroto lembrou que durante o governo Dilma Rousseff, situação semelhante foi enfrentada. Na época, o governo optou por congelar os preços dos combustíveis por quase um ano, evitando que a alta internacional afetasse o bolso dos brasileiros. Ele frisou ainda que o momento atual é sensível, com inflação elevada, taxa Selic alta e um mercado de trabalho já fragilizado.

Outro ponto abordado foi o possível efeito em cadeia sobre outras áreas da economia. O dirigente explicou que a guerra pode afetar o transporte marítimo, principalmente se houver bloqueio no Estreito de Ormuz. Essa região é por onde passam grande parte das exportações de petróleo.

“Isso impactaria não só o nosso setor, mas todas as cadeias produtivas que dependem de importação e exportação”, avaliou.

Autossuficiência em combustíveis e redução de preços

Por outro lado, Lazaroto trouxe um cenário menos pessimista quanto à dependência externa. Segundo ele, o Brasil caminha para a autossuficiência em combustíveis. Atualmente, cerca de 80% do diesel consumido no país já é produzido internamente.

Além disso, a expectativa é que a mistura de etanol na gasolina aumente de 27% para 30%. Isso deve reduzir ainda mais a necessidade de importações.

Sobre a recente redução de R$ 0,17 por litro anunciada pela Petrobras na venda para distribuidoras, Lazaroto fez questão de esclarecer as dúvidas mais comuns dos consumidores. Segundo ele, o desconto não chega integralmente aos postos porque a gasolina vendida pelas refinarias ainda precisa ser misturada ao etanol anidro.

“Esse processo reduz o desconto para cerca de R$ 0,09 a R$ 0,12 nas bombas. Considerando também os custos de transporte, armazenamento e a margem das distribuidoras”, explicou.

Ele também rebateu críticas ao setor, afirmando que a margem de lucro dos postos é bastante reduzida, girando em torno de 5% bruto.

“Não existe isso de empresário embolsar R$ 0,17 por litro. Nossa margem é pequena, o lucro vem no volume vendido”, defendeu.

Lazzarotto aproveitou para reforçar o papel do Procon no acompanhamento dos preços. Segundo ele, o órgão atua de forma orientativa e as fiscalizações continuam sendo realizadas. Os preços médios são divulgados semanalmente pela ANP (Agência Nacional do Petróleo).

Ao final da entrevista, o gerente do Sinpetro-MS demonstrou otimismo de que a situação não se prolongue. Ele também reforçou a importância de o consumidor pesquisar os melhores preços.

“Especialmente na região central de Campo Grande, é possível encontrar valores mais competitivos”, sugeriu.

O setor segue atento ao desenrolar da crise internacional e aguarda as próximas decisões governamentais e os desdobramentos do conflito no Oriente Médio.